My Public Space

My Plublic Space

Post apresenta interessante texto da exposição My Public Space (via Remix Theory) questionando o por que de tanta visibilidade na web 2.o, onde pessoas dizem o que estão fazendo, quando e onde. Desenvolvi isso em um já antigo artigo (Arte da vida…, de 2001, publicado em 2002.), tentando mostrar que, para além do narcisismo e da egotrip, há uma religiosidade social em jogo: tocar o outro e ser tocado, mesmo em banalidades reflete esse desejo de contato, de re-ligação social, laica. Escrevia na época (antes dos micro-blogs e mídias locativas):

“Os fenômenos das webcams e dos diários pessoais podem ser considerados com formas de escrita de si, já que tanto na contrução da imagem através de câmeras pessoais, como nos fenômenos de publicização de diários íntimos, o que está em jogo são formas de apresentação do eu no ciberpespaço. (…) O ciberespaço é, assim, muito mais do que uma forma técnica de publicização e de recuperação de informação, uma rede de interconexões tácteis, socias, caracterizando-o como um enorme hipertexo social (Erickson, 1996). (…) Fenômeno social efervescente, estes estão longe de serem um mero instrumento de isolamento ou de simples narcisimo. (…) Esses fenômenos contemporâneos fazem parte da crescente publicização do espaço privado radicalizado pelas novas tecnologias de base microeletrônica. (…) No entanto, não há nenhum interesse maior em ver pessoas acordando, comendo, indo ao banheiro nas webcams, ou ler sobre esses mesmos hábitos em diários pessoais na Internet. Trata-se, como hipótese, apenas de novos formatos sociais que visam compartilhar, a distância e em tempo real, a vida como ela é, como diria Nelson Rodrigues; de fazer da vida ordinária uma obra de arte. (…) A vida comum transforma-se em algo espetacular, compartilhada por milhões de olhos potenciais. E não se trata de nenhum evento emocionante. Não há histórias, aventuras, enredos complexos ou desfechos maravilhosos. Na realidade, nada acontece, a não ser a vida banal, elevada ao estado de arte pura. (…) A liberação do pólo da emissão parecer ser um dos motivos para a efervescência desses fenômenos. O que pode parecer um fenômeno minoritário e sem importância, reveste-se, na realidade, no sintoma da nossa época, ou seja, a democratização da comunicação, a elevação da vida banal ao estado de “arte”, o compartilhar esse novo espaço com e através do “outro” criando assim um verdadeiro fenômeno comunicacional e social. (…) Trata-se, é certo, de uma religiosidade social que me faz aderir ao outro. (…) Compartilhando a banalidade podemos suportar melhor a existência. E o mesmo acontece com aquele que é visto, já que ser visto é também estar junto. Revelar a privacidade é aqui um exercício que pode e deve permitir a conexão. No fundo estamos sempre lutando contra a solidão, contra o desencontro e o estranhamento.”

Bom, vejam trechos do post:


Image by Eduardo Navas, December, 2007

“Note: Diary of a Star was part of the exhibition “My [public] Space” in Amsterdam, from May 23 to June 21, 2008. The premise behind the exhibition in part follows the line of thought originally developed for Diary of a Star. Thanks to Petra Heck for including my work in the show.

(…) With Twitter, a new application in Web 2.0, all you have to do is push a button to send a message to all the people you have promoted to your social network. The idea is that you indicate where you are, so that you can be ‘followed’ physically or mentally. The question is what need we have for a service like that. Do we really want to make everything public, known ‘and traceable’.

(…) With the advent of Web 2.0 powerful media are no longer necessary for realizing a relative ’15 minutes of fame’. Bloggers (webloggers) report every detail of their lives in an online diary that anybody can call up and read on their computer. The difference between an online blog and an old-fashioned diary is that online the content is being revealed for an unknown audience. The dividing line between private and public gets blurred. The text can be rather personal, while still functioning in the public domain. Since bloggers are implicitly aware of this, the information can be regarded as being tainted. The dichotomy between public and private that so interested Andy Warhol becomes visible here.

Recent web services such as MySpace, Facebook or Twitter contain applications that realize the need to share your intimate world with others in every way possible. The motivations for doing this can range from radical openness, through a search for a new common identity, to seeking new social networks. But what are the consequences of the exaggerated manner in which what is private is now being made public? The new ways of publicizing oneself on the internet not only change our views of what is private, but also our relation to public space.

(…) Particularly wireless and mobile technologies such as GSM, GPS, WI-FI and RFID permit not only the physical and the virtual, but also the private and the public to overflow into one another.? They can not only be used as a means of control, but also to intensify public actions, whether this is by spreading information about parties or demonstrations, or warnings of disasters or attacks.

The vast majority of participants in Web 2.0 and the applications that go with it approach these services very openly and reveal their most personal feelings and photos. Practicing exhibitionism on such a massive scale however makes no contribution at all to the discursive public of which Jorinde Seijdel writes, but rather to the ‘tyranny of intimacy’, as Richard Sennett describes it in The Fall of Public Man. The urge for expression is greater than the fear of being monitored ? the anxiety we had for a long time about having all our comings and goings and personal data open to investigation, the anxiety about cameras and surveillance in stores and on the streets, has given way to an almost unthinking use of every possible new device and service (…).”