New Maps and New Sense of Technology

New Maps and New Sense of Technology

“La décrépitude des villes n’est pas moins signifiante que leur émergence”
Jean Duvignaud, Lieux et Non-lieux

Quem precisa de mapa e GPS para enfrentar a solidão do Sublime?


Foto de Adenor Gondim no seu Apenas Bahia (dica do Nelson Pretto, via Twitter).

Novos mapas revelam novas relações com os lugares. Os mapas, como diz John Rennie Short em “The World Through Maps. A history of Cartography”, “represent a vital form of human communication. Like all systems of communication we can identify differents elements: the producer, the medium, the message, and the consumer.” Temos que incorporar os processos de espacialização nos estudos sobre as mídias.

Devemos sempre nos perguntar sobre os sentidos da tecnologia. A técnica é uma dimensão essencial da espécie humana e coloca o homem diante da natureza e de si mesmo no desafio de transformação (técnica, depois científica e tecnológica) do mundo em um lugar habitável. A dimensão política da tecnologia vincula-se a essa potência na constituição da pólis. Pensar os sentidos da tecnologia é se colocar sempre a questão sobre a constituição da vida em comum, da pólis, da política. Devemos assim criticamente nos perguntar sobre as novas dimensões dos processos de espacialização com as atuais mídias locativas (sensores, redes e dispositivos digitais e sem fio).

Por um lado, tomando sentido como “essência”, a técnica é constitutiva do homem, uma forma de requisição da natureza e do outro. Sendo assim ela é sempre política. O seu desenvolvimento imbrica-se naquele do espaço urbano. Vemos hoje uma requisição digital do mundo, criando possibilidades de ampliação da comunicação e da gestão racional e científica do mundo. Buscar o sentido, ou os sentidos, da tecnologia hoje é compreender como se desenvolve “o destino do homem no mundo” (Heidegger). É se perguntar sobre a virtualidades e atualidades da informatização das sociedades. Trata-se assim, de pensar como a sociedade da informação vem transformando a sociedade industrial e qual seria mesmo o seu “sentido”. Por outro lado, podemos pensar o “sentido” como a direção em termos de desenvolvimento material dos objetos técnicos. Aqui, tudo aponta para a expansão da cibercultura. Isto significa reconhecer a evolução das tecnologias da comunicação e da computação. Uma mudança da dominação energético-material para uma performatividade informacional e comunicacional. O sentido da tecnologia apontaria para uma maior informatização do mundo e uma fusão de dimensão eletrônico-digitais e física dos espaços urbanos. A potência comunicativa, de processamento de dados, de comunicação em rede, vai aumentar e será o carro chefe do alargamento do processo técnico contemporâneo.

Mas continuarei essa discussão depois. O que quero reforçar aqui são as possibilidades emergentes com os processos “pós-massivos” nos diversos projetos com as mídias locativas, apontando para um entendimento dos sentidos da técnica na contemporaneidade (sentido como fundamento da cultura e sentido como direção do seu desenvolvimento): o que significa hoje a busca pela localização (de pessoas, de lugares, de objetos)? qual a potência crítica, política e social da tão falada mobilidade? quais os novos usos e significações do espaço urbano? como produzir discursos autênticos em meio à comercialização crescente que coloca o usuário como mero consumidor de informação?

Novos mapas, abertos e colaborativos, como o projeto www.openstreetmap.org, permitem uma “liberação da emissão”, típica das mídias de função pós-massiva contemporâneas. Emerge aqui uma possibilidade de construção de novos discursos e de sentidos outros que aqueles que emanam dos centros de poder instituídos. Os mapas, como sabemos, sempre foram produzidos por técnicos a serviços de governos e de projetos militares de conquita e expansão de territórios. Hoje, cruzamentos de dados, mashups, web 2.0, mídias locativas estão criando formas bottom-up e colaborativa de discursos e usos (processos de espacialização, de construção social) do espaço, em meio a uma commoditização crescente da “mobilidade” e de “serviços baseados em localização”. Ou seja, o uso dos processos tecnológicos na constituição do espaço, do lugar, da vida social.

Open Street Map on the iPhone - footpaths

Footpaths near Baden-Baden in the Black Forest

Mapas colaborativos apontam para possibilidades interessantes de construção de um discurso sobre os lugares. Para exemplificar, vejam trechos do post do Joern’s Blog mostrando como “mapas abertos” criam New maps for the iPhone. servindo de base para o game GPS Mission (veja como jogar por aqui). O interessante aqui é ver como possibilidades emergem dessa “apropriação”: “(…) (Open Street Map project) It’s a community driven map that people create themselves. If you feel that the map is not good enough in your area, you could even enhance it yourself. (…) What I like especially about the OSM is that it shows a lot of footpaths that you wouldn’t see on most of the other maps. Very useful for a game that is mostly played while walking! (…) Another strong point is that the OSM community has collected maps for a lot of places that are not yet covered by the standard packages of most commercial providers (that we also use and will continue using because they have other great advantages).”