McLuhan: Mapas, ambiente e lugares

Comeo a me mexer, mas bem lento, para pensar no texto que vou propor para o evento sobre “Space, place and the Mcluhan legacy” que acontece na Unversity of Alberta, Edmonton, Canad, em junho de 2011. Vejam essa sequncia de posts que escrevi no Canad sobre McLuhan (aqui, aqui, aqui e aqui).

Rabisco aqui algumas reflexes ainda desconexas que balizaro meu paper para o evento. A ideia pensar comunicao, lugar e espao com as novas mdias, tendo por base as teorias de materialidade, incluindo a McLuhan, e a teoria ator-rede. Esse quadro terico-conceitual nos permite pensar o espao, o lugar, o mapa, o territrio e a comunicao hoje.

Primeiro devemos rejeitar a ideia de espao como conteiner. Ele no , e s existe, ou como espaamento entre coisas, ou como abstrao genrica e matemtica. O que importa so os lugares e o espao s tem sentido a partir da constituio de lugares. Pensando assim, os mapas que revelam lugares no so aqueles mimticos mas os mais navegacionais, no so os representacionais mas os que agregam “actantes”. Hoje, os mapas navegacionais digitais podem revelar coisas sobre a nossa forma de habitar. Em recente conferncia sobre mapas interativos sustentava que os mapas devem ser visto como mdias, trazendo tenses entre localizao e mobilidade. Com as novas funes ps-massivas dos mapas digitais, oferece-se a oportunidade de produo coletiva e colaborativa de criao de cartografias locais onde as pessoas podem acessar e anotar posies no espao. O objetivo identificar as relaes sociais, culturais e de poder entre os diversos actantes (Latour) para questionar hierarquias e as formas de habitarmos o mundo.

Para Heidegger os espaos que percorremos diariamente so arrumados pelos lugares. O construir funda os lugares e articula espaos. Percorrer e navegar produzir relaes entre as coisas construdas. O mapeamento pode aqui revelar dimenses ontolgicas, polticas, culturais, sociais e econmica desse habitar. A essncia do homem residir, construir (um lugar) para habitar. O lugar o espao socialmente produzido, e ele que arruma, d espao a um espao (Heidegger). Os espaos recebem sua essncia dos lugares. O outro espao, que no o espaamento entre os lugares, um abstractum, matemtico. Nesse espao no encontramos lugares. Os mapas, tradicionalmente, buscavam um mimetismo com o espao abstrato. Os mapas digitais podem revelar relaes, conexes, movimentos entre as coisas no mundo construdo (lugares). Mapas representativos (mimticos) no dizem nada sobre os lugares, so “panoramas”, no fazem correlaes e fixam apenas generalizaes. Mapas digitais colaborativos abrem a perspectiva de cartografias no-mimticas, navegacionais, menos representativas de um contexto (espao). Eles podem nos ajudar a problematizar questes relativas ao habitar entre as coisas construdas (lugares).

Sobre mapas colaborativos, vejam a minha apresentao no evento Laboratrio Cultura Viva e o interessante City Centered Festival, realizado em junho em So Francisco. Entre os diversos projetos destaco o Beyond Boundaries que :

Through utilization of digital media, Beyond Boundaries explores the diverse community of the Tenderloin District of San Francisco. By visually mapping the local area with community members from Hospitality House, the Vietnamese Youth Development Center and other local groups, and displaying the images in a prominent public space, the project emphasizes the dynamic interplay between the public space and urban context. The goal is to achieve an understanding of the inner community of the Tenderloin within the larger urban context of San Francisco. While the neighborhood can easily be framed by its negative characteristics, this area is also recognizable for its unique urbanity and complexity. The main objective of Beyond Boundaries is to understand how this community is thriving in positive and enriching ways.

As mdias no podem ser pensadas como “tubos” por onde passam informaes. A prpria ideia de rede deve ser vista no como um dispositivo por onde passam coisas mas, de outra forma, como aquilo que se forma da relao e do movimento entre coisas/informaes. As redes devem ser vistas como dispositivos sociotcnicos que se constituem pelo movimento entre diversos actantes (coisas, pessoas, leis, regras, protocolos, etc.). O lugar, da mesma forma, no aquilo que fixa e que imobiliza, mas deve ser visto como evento, como ponto dinmico em um ambiente informacional-comunicacional complexo formado pela relao entre pessoas, objetos, instituies, normais, leis…

Assim, mdia, rede, espao, lugares no so “conteiners”, “reservatrios”. Eles so “mensagens”, “actantes” criando uma rede de atores, e sendo eles mesmo redes, configurando a materialidade do ambiente (ecologia) comunicacional. Podemos traar uma histria dessa espacializao culminando hoje com as mdias de geolocalizao. Assim como McLuhan vai propor a mxima “o meio a mensagem” e “a mensagem o meio”, podemos pensar que lugar, rede, espao, so “ambientes-agentes” da comunicao, “ambientes-actantes” no processo sociocomunicacional de constituio da espacialidade. Veja, nesse sentido, o vdeo Echological Medium, abaixo:

Marshall McLuhan’s Echological Medium from jarrod storms on Vimeo.

Work in progress…