Mapas 2.0: Petróleo e redes sociais

Nos últimos posts falei sobre mapas colaborativos, lugar, espaço, mídia. Duas informações interessantes vêm reforçar a importância dos mapas colaborativos (e das redes sociais) para a imersão na dimensão local.

Post do excelente UrbanTick mostra uma série de mapas de inserção das redes sociais na dimensão espacial/local em diversos países. O autor faz referência ao workshop no Strelka Institute for Media, Architecture and Design que visa exatamente discutir a relação entre as redes sociais virtuais (?) e a localização real (?). Trata-se de tensionar, e mesmo abolir, essa falsa oposição, mostrando como os processos comunicacionais ganham sentido criando novas paisagens urbanas. No post, há exemplos de mapas usando o Twitter como referência: metrô em Moscow, o humor americano medido pelo twitter (vídeo abaixo), mapas de cidades de acordo com o uso do Twitter, etc.

O que é importante destacar aqui é como o uso das redes sociais (twitter, facebook, orkut, SMS, etc) alteram a paisagem urbana e as formas sociais de relação do o espaço, e como esses novos mapas permitem uma visualidade dinâmica mais próxima da navegação do que da fidelidade mimética à um território genérico e panorâmico (ver posts anteriores sobre esse tema). O processo comunicacional é sempre locativo, e parece que as novas cartografias abertas, participativas e colaborativas, ajudam a reforçar essa tese.

Outra informação interessante vem do blog The Pop Up City, informando sobre o Grassroots Mapping Copmmunity, que está fazendo mapas sobre o real impacto do derramamento de petróleo no Golfo do México, através do Gulf Oil Mapping Project. A motivação vem da falta de informações precisas e fidedignas sobre o estado da catástrofes ou do controle oficial dos mapas (dos mapas gerados pelos detentores da informação, na forma clássica de produção de mapas).

Dessa forma, o objetivo é:

“Seeking to invert the traditional power structure of cartography, the grassroots mappers used helium balloons and kites to loft their own ‘community satellites’ made with inexpensive digital cameras. The resulting images, which are owned by the residents, are geo-referenced and stitched into maps which are 100x higher resolution that those offered by Google, at extremely low cost. In some cases these maps may be used to support residents’ claims to land title. By creating open-source tools to include everyday people in exploring and defining their own geography, we hopes to enable a diverse set of alternative agendas and practices, and to emphasize the fundamentally narrative and subjective aspects of mapping over its use as a medium of control.”

Vejam o vídeo abaixo da ação no projeto Gulf Oil Mapping Project:

Grassroots Mapping: Kickstarter Pitch from TungstenMonkey on Vimeo.

Os mapas colaborativos lançam novos olhares sobre o lugar, permitindo questionar hierarquias e democratizar a produção de informação. Mapas estão passando, assim como as mídias, de estruturas massivas (controladoras da emissão or especialistas para um público genérico) para estruturas pós-massivas (produção, consumo e distribuição de informação não controladas e para públicos de nicho). Podemos dizer que a emergência dos mapas digitias, abertos e colaborativos começa em 2004 com o OpenStreet Map e o Google Earth e ganha força um ano depois, com o Google Mapas e os API. A emergência do que podemos chamar de “Mapas 2.0” (não é a base digital que importa, já que essa existe há muito tempo, mas a possibilidade livre de produzir cartografias e distribuí-la), é correlata à emergência dos novos formatos midiáticos de função pós-massiva, ou o que muitos chamam de “Web 2.0”.