Direction, GPS, Tourism
Vou aproveitar o tema dos dois posts citados abaixo para discutir o nosso senso de localizao e de navegao hoje com as tecnologias e servios mveis de localizao. Eles podem nos ajudar a compreender melhor as mdias locativas. O primeiro questiona se o nosso senso de direo estaria diminuindo com um uso excessivo dos GPS. O outro mostra como o GPS e o telefone celular podem ajudar a localizao e a navegao de turistas. Vejamos primeiro os posts e depois um comentrio (como sempre um “work in progress”).
Usually as things are starting to be fun, some one comes over to tell you how bad this is and that you should not do it because of this or this or even this reason. At least it was like this when you were a teen, battling for independence with beloved ones.
However this is long gone and things have changed since. And still the same situation. But now we are wiser and think twice, maybe it is true, or at least partially, there might be something about this other opinion I have not thought of in this way.
Here we re with the news, finally, GPS is BAD!
Yes, you are right, your SatNav is doing harm to you as you drive. At least this is what the headlines of the news on the New York Times blog and the walrus magazine suggest Actually it is all based on an article by Alex Hutchinson.
We actually have an other SatNav article her on urbanTick, that addresses the problem of arriving at the desired location but in this case it was about spelling the destination name correctly.
In general Alex Hutchinson points out in hi article that navigating is a learning process that is a dual relationship between brain and action. The more we use it the better we are at it, but it needs to be maintained.
Scientists have identified an area in the brain, the hippocampus, to be responsible or this sort of navigation task. The brains of London cabbies have outsized rear hippocampuses, because they are required to painstakingly learn the byzantine lanes and byways of the Old World city. (NYblog) Most of us will not attempt to learn the apparently 25000 street names and thousands of landmarks required for becoming a cabby. However navigating and orientating do not necessarily require you to know all the names of the streets. Other elements are important in day-to-day navigation. Hutchinson refers to Veronique Bohbot a researcher at McConnell Brain Imaging Center: Bohbot demonstrated in a widely cited 2003 study that our mapping strategies fall into two basic categories. One is a spatial strategy that involves learning the relationships between various landmarks creating a cognitive map in your head. The other is a stimulus-response approach that encodes specific routes by memorizing a series of cues, as in: get off the bus when you see the glass skyscraper, then walk toward the big park. For their study, Bohbot created a virtual maze that tested both methods; they found that about half of us prefer spatial strategies, while the other half prefer stimulus-response (walrus magazine). We probably use both of these techniques depending on the situation, but most likely we prefer one over the other. What navigation type are you?
Yesterday in Sierre, I gave a talk about the use and implications of digital traces for tourism services. Slides are on Slideshare.
The point of the talk was the following: were seeing the advent of location-based services and augmented reality applications. But those are only the interface aspect of a broader phenomena: the aggregation and use of digital data to create new sorts of services. Indeed digital objects used by people such as mobile phones and cameras leave a large amount of traces: the phone can be geolocated through cell-phone antennas or GPS and digital cameras take pictures that people can upload on web sharing platforms such as Flickr. All of this enable new application that allow to count tourists or provide them with new sorts of services. Based on existing experiments, the presentation addressed how the tourism industry can benefit from these digital traces to obtain new representations of tourists activities and to build up new services based on them.
Comentrio.
O tema em discusso aqui, como artefatos miditicos afetam nossa memria e cognio cara filosofia da tcnica, e particularmente comunicao. Os posts me lembram a discusso sobre um dos mais importantes artefatos mnemnicos da histria da humanidade, a escrita. No Fedro de Plato podemos despreender uma crtica e mesmo uma condenao desse artefato miditico (a escrita), j que ela seria potencialmente prejudicial memria. A escrita aqui para Plato um “phrmakon”, tendo a duplicidade de ser ao mesmo tempo remdio e veneno, a depender de sua “dosagem”. Na realidade ela, a escrita, seria um mal para a memorizao. A crtica em Plato feita em relao a outros discursos, como a poesia e a sofstica. No Fedro, Plato reproduz o dilogo contado por Scrates (em mito egpcio) entre o deus Theutis, que oferece ao rei Tamus vrios conhecimentos. No entanto, o rei recusa a escrita por compreender que esta seria prejudicial memorizao (como escrever o que devemos comprar em um supermercado prejudica a memorizao dos tens).
Inveno da Escrita, deus Theutis
um fato que as formas que chamei de territorializao esto em expanso com as tecnologias mveis e os servios de localizao (mapeamento, indentificao de pontos de interesse, localizao de pessoas conhecidas). O medo de se perder hoje alimentado por essas tecnologias e servios. O uso de GPS automotivo pode virar um “default”, fazendo com que as pessoas no encontrem mais seus caminhos sem ele; os mapas em celulares indicando pontos de interesse podem fazer as pessoas evitarem a deambulao ao acaso e o encontro com o inusitado; a localizao de amigos pode inibir o encontro fortuito; os servios de localizao para o turismo podem prejudicar o andar desinteressado e o encontro com algo fora do roteiro (neste caso, cada vez menos vemos esse tipo de turista. Em regra geral todos buscam uma rentabilizao dos gastos e do tempo, tentando aproveitar e “descontar’ ao mximo os “prejuizos” com as viagem – indo aos lugares que todos vo, fotografando ou filmando tudo, pro exemplo).
Mas h, por outro lado, projetos em que as mdias locativas so usadas justamente para proporcionar o encontro com o misterioso e o inusitado, que estimulam a “serendipity”, para permitir contar histrias prprias sobre lugares e assim criar novos sentidos de localizao e de navegao. Como a escrita, essas mdias so tambm um “phrmakon”, ao mesmo tempo veneno e remdio. Parece que se, por uma lado, as midias locativas vo prejudicar nosso senso de direo e de navegao insistindo em processos meramente “territorializantes”, por outro, elas podem aguar nossa experincia do lugar e ajudar a construir novas formas de significao dos lugares, linhas de fuga, perdio e “desterritorializao”. Cabe ento estar atentos para identifica quando o phrmakon um veneno ou um remdio, quando eles so s paliativo para o medo de se perder ou substrato para ajudar a pensar em novas formas de fazer sentido local.
Escrevia no Manifesto sobre as Mdias Locativas:
(…) 1. Crie situaes para perder-se. O medo de perder-se correlato ao medo de encontrar. Mas perdendo-se, encontra-se. A desorientao uma forma de apropriao do espao! Tudo localizar, mapear, indexar uma morte simblica: o medo do impondervel, do encontro com o acaso: evitar uma dimenso vital da existncia. Perder-se um achar-se perigoso, como diz Clarice Lispector.
2. Erros, falhas, esquecimentos de localizaes e de movimentaes so as nicas possibilidades de salvao da hiperracionalizao atual do espao. S uma apropriao ttica dos dispositivos, sensores e redes poder produzir novos sentidos dos lugares. Desconfie de sua posio e de seu status de nmade. Quando sua operadora diz, voc nmade, desconfie. Mas saiba que o nomadismo um trao essencial da aventura humana na terra! (…)