Walk, Mobility and Communication

Walk, Mobility and Communication

Baudelaire, Walter Benjamin, Flâneurs, Situacionistas, Michel de Certeau, artistas desenhando e escrevendo com GPS, desenvolvendo Location-Based Mobile Games, Locative Media…, todos esse personagens e processos colocam em evidência o andar como arte, como forma de apreensão do espaço e como forma de produção de sentido, criação de lugares, territórios. Não devemos romantizar muito as figuras do stroller ou do flâneur, ou a potência das mídias locativas, mas em cidades dominadas pelos automóveis e os transportes rápidos, é sempre bom estimular a deambulação sem objetivo, a mobilidade física acoplada à informacional.

Cidade e mobilidade são questões centrais para a comunicacão. Ela adquire maior importancia no século XIX e século XX, com a expansão dos meios de transporte e de comunicação, e adquire novas configurações hoje com as tecnologias ditas “móveis”, que aliam, pela primeira vez de forma mais radical, mobilidade física e informacional.


Strollology – Caminho feito por transeuntes em Jasper, fora da racionalidade do trajeto proposto pelos urbanistas

O que temos aqui são duas dimensões fundamentais da mobilidade: a mobilidade física e a mobilidade virtual/informacional. Os estudos de comunicação têm investido em análises sobre localização de empresas de comunicação, sobre usos e estudos de recepção, sobre as funções noticiosas e locais das mídias, mas muito pouco na relação entre comunicação e mobilidade tendo como ponto de partida a “geografia” das relações socias e as configurações do espaço urbano.

No entanto, todo processo de comunicacao implica movimento: saída de si no diálogo com o outro, transporte de mensagens sendo carregadas por diversos suportes. Trata-se, efetivamente, de mobilidade (informacional/virtual) quando falamos em comunicação. E a mobilidade virtual tem impactos diretos na mobilidade física e na constituição do lugar. Podemos dizer que o telégrafo, os jornais, o telefone, o cinema, a fotografia, a TV, e hoje a internet, os telefones celulares, configuraram e continuam a configurar o espaço urbano.

A mobilidade é o que me permite ir de um ponto a outro (fisicamente ou virtualmente, pelas informações) de me “des-locar”. O “des-locar” aqui não é a negação do lugar, do “topus”, mas a sua resignificação. Como mostramos em outro post, não se trata de um “non sense of place”, mas de um “new sense of place”.

Post do Click opera retoma essa discussão. O autor faz uma relação entre o documentário de 1988 sobre Richard Long, “Stones and Flies: Richard Long in the Sahara”, o filme de Andrew Kotting, “Gallivant”, o documentário de Patrick Keiller, “Robinson in Space” e o livro (que aconselho a leitura por ser muito bom) “Walkscapes: Walking as an Aesthetic Practice” de Francesco Careri.

Trechos:

“(…) The way, in particular, walking gives you a certain perspective on landscape — a kind of alienation from alienation. Walking, in these films and books, might be an adventure, an exploration, a way of making art and architecture, an ‘intervention’, a way to approach urban planning, a situation, even a sort of politics. In Careri’s case, we get a complete history of subversive forms of walking as well as an aesthetics of perambulation: ‘From primitive nomadism to Dada and Surrealism, from the Lettrist to the Situationist International, and from Minimalism to Land Art, this book narrates the perception of landscape through a history of the traversed city’.

(…) German Wikipedia tells me that strollology is a perfectly serious science founded by the late political economist, sociologist, art historian and planning theorist Lucius Burckhardt in the 1980s at the University of Kassel. Also called Spaziergangswissenschaft (knowledge about moving through space), it deals with human perception and its feedback into planning and building.

(…) A blend of sociology and urbanism, strollology attempts to correct the way technical progress, from trains through cars to GPS, has alienated our perception of the landscapes we move through.(…)

(…) The other mail I received yesterday was from Nick Slater, director of arts at Loughborough University. ‘After reading today’s post on your blog,’ he said, ‘I thought you might be interested to see that gaming / walking activity has reached Loughborough. It is interesting to see how walking practice has taken on a new life with the advent of locative media. Roam: A Weekend of Walking (March 15th to 17th) has tried to combine the two and have feet in both camps’.(…)”