Seminário Internacional Cultura e Tecnologias Digitais

Faço a conferência de abertura na terça, dia 23. Aqui o programa do evento.

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Resumo:

Parece ser um lugar comum apontar as implicações do desenvolvimento das tecnologias digitais sobre a cultura. Não encontramos nenhum domínio livre de contaminação (economia, política, educação, ciência, artes, entretenimento…). O surgimento de uma “cultura digital” seria a novidade da época atual. Falamos agora de uma “sociedade em rede”. A questão que se coloca é: como a cultura, desde sempre uma rede sociotécnica complexa, se relaciona hoje com as redes das tecnologias digitais? Quais as dimensões dessas redes e como elas mediam e constituem a cultura?

O pensamento sobre as tecnologias digitais e a cultura é contaminado por perspectivas substancialistas que impedem de ver as realidade das mediações entre os fenômenos, como se as redes da tecnologia digital e da cultura tivessem vidas próprias. Como escapar dessas visões que polarizam a discussão entre emancipação e totalitarismo, determinismo e liberdade?

Nesta conferência, vou propor pensarmos o conceito de rede a partir de duas dimensões. Por um lado, como movimento, mediação se fazendo e se desfazendo a todo momento, como o espaço-tempo que se desenha na dinâmica das associações. Rede é aqui o atual, a alteração de uma coisa em outra.

Por outro lado, rede é fixação, a infraestrutura que permite o movimento das coisas. Rede é aqui a potência, o virtual que coloca tudo em contato. A observação das mudanças contemporâneas na cultura deve prestar atenção à circulação das ações, à experiência. Hibridizando as redes, podemos escapar, enfim, do desvio fácil da visão essencialista, seja da cultura, seja da técnica, e enxergar melhor a “novidade” da cultura contemporânea.

Para isso, em primeiro lugar vou falar da “crise da cultura”, depois da relação da cultura com as tecnologias digitais e por fim das redes como mediação entre dimensões interdependentes da técnica, da sociedade e da cultura.