Mobilidade e Anonimato

Mobilidade e Anonimato


Navigo da RATP, ameaa anonimato segundo a CNIL

Empresa de transporte francesa, RATP, pretente mudar a analgica “carte orange” (um comprovante de pagamento de uma mensalidade para usar metro e nibus) para o Navigo (um “contactless transit card”). Esse nova carto digital permitir empresa saber quando, onde e por que transporte uma pessoa se desoloca pelo pas. Segundo o blog BugBrother, o Navigo tem foto, nome, sobrenome, endereo e um chip RFID que associa a um nmero nico os trajetos do cidado na rede de transporte. H tambm a possibilidade de usar um celular com RFID nos leitores do Navigo nas estaes de metr, como mostra artigo do RFID Journal.

Matria do Le Monde informa que a CNIL, “Commission Nationale de l’Informatique et des Liberts”, considera o novo carto uma real ameaa ao anomimato e vida privada. A CNIL afirma que “lexercice du droit des usagers se dplacer anonymement nest pas garanti. Notem na matria que h a possibilidade de ter um Navigo annimo (“dcouverte”), mas pago e no se encontra facilmente nos guichs. A carte orange ser substituda no dia 01 de fevereiro. Trechos da matria:

“A la diffrence de la Carte orange, un simple coupon magntique, le passe Navigo permet en effet la RATP de connatre la date, l’heure et le lieu de passage de chaque abonn. Des donnes qui sont conserves quarante-huit heures afin de lutter contre la fraude. Suite un premier rappel l’ordre de la CNIL, la RATP et le Syndicat des transports d’Ile-de-France (STIF) avaient mis en vente, en septembre 2007, un passe Navigo ‘dcouverte’ anonyme.

La CNIL, qui regrette que le Navigo ‘dcouverte’ ne soit pas gratuit comme sa version nominative (il cote 5 euros), a men une opration de testing dans vingt stations de mtro. Selon elle, les conditions d’information et d’obtention du passe Navigo ‘dcouverte’ sont ‘particulirement mdiocres et dissuasives’, et il est souvent difficile de l’obtenir aux guichets.(…)”

Vemos aqui mais um exemplo das tenses entre a nova cultura da mobilidade e a sociedade do controle, com ameaas concretas privacidade e ao anonimato. Vejam que com o Navigo, e toda a cadeia de leitores e tags RFID, incluindo celulares, o usurio se move mais facilmente, mas, ao mesmo tempo, deixa marcas de todos os seus passos. Tento problematizar essa questo em recente resumo apresentado a um congresso insistindo na inviolabilidade dos novos territrios informacionais, ou o que outros autores chamam de “digital bubble” ou “virtual wall”. Abaixo parte do resumo:

“Tecnologias e servios baseados (LBT e LBS) em localizao emergem de pesquisa militares para localizar, monitorar e vigiar (pessoas, lugares e objetos) e esto em expanso. Autores tm chamado a ateno para os perigos da ‘internet das coisas’ (Kuitenbrouwer, 2006, van Kranenburg, 2008) j que informaes pessoais podem ser facilmente disseminadas e/ou estocadas em bancos de dados. A computao ubqua invade lugares transformando tudo e todos em ‘fontes de dados’. ‘Digital footprints’ emanam de forma invisvel, oferecendo informaes desse ‘sujet insecur’ (Rosello, 2007) – perfis de consumo, uso do espao, prticas sociais – como a forma mais sutil de vigilncia da sociedade do controle (Deleuze, 1990). Os ‘pervasive environments’ criam ‘territrios informacionais’ (Lemos, 2007) e demandam ‘digital bubble’ (Beslay e Hakala, 2005) ou ‘virtual wall’ (Kapadia, et al., 2007) como formas de proteo da privacidade (nos domnios: tcnico, regulatrio e sociolgico). Vigilncia sempre relacionada a privacidade, implicando em observao intencional de aes ou a coleta de informaes pessoais com o objetivo de observar aes presente e futuras (Gow, 2005). Artistas e ativistas tm tencionado essas questes a partir do uso crtico das LBT. O prprio termo ‘locative media’ foi por eles criado para se diferenciarem de projetos comerciais, mostrando ambigidades e tenses. O objetivo desse artigo mostrar como os conceitos de ‘digital bubble’, ‘virtual wall’ e ‘territrio informacional’ evocam questes ligadas a uma nova forma de vigilncia (difusa e invisvel), e como alguns projetos artsticos abordam essas questes. (…)”