Locative Media, Control and Surveillance

Locative Media, Control and Surveillance

Falava no último post sobre as discussões que estão sendo travadas na minha disciplina da Pós. Fizemos na última aula uma discussão sobre locative media e vigilância. Ressaltava nesse momento que o regime de visibilidade e de produção de localização, monitoramento de movimentos e de serviços baseados em localização com as mídias locativas veem de pesquisas militares, de vigilância estatal, policial, comercial e industrial de longa data, e que só estamos vendo acirrar hoje em dia. Os projetos com LBT (location-based technologies) e LBS (location-based services) funcionam no mesmo registro de visibilidade, controle e tratamento de dados que os sistemas do complexo militaro-industrial.

No entanto, os projetos sob o nome genérico de “locative media” (nome dado por artistas para se diferenciarem desses projetos militares e comerciais) visam justamente acirrar as ambiguidades, colocar em evidência as formas de controle, estimular a errância e a produção de conteúdo que criem efetivamente sentido para pessoas e comunidades. Os projetos em locative media (ativista e artísticos) podem ser compreendidos como uma crítica aos LBS e LBT. Temos mostrado nesse Carnet diversos exemplos de construção coletiva de histórias de uma comunidade, de anotação eletrônicas urbanas, de jogos que atuam na ambiguidade das conexões como os do Blast Theory, de desenhos e escritas com GPS que se apropriaram dessa tecnologia militar, do uso de RFID para produzir uma memória eletrônica de coisas do quotidiano (e criticar o uso como “spychips”), etc…

Vejo agora dois posts que tratam da questão da vigilância e do controle em marcha com essas novas tecnologias e serviços de informação baseados na localização. O primeiro, com o título “society of control“, usando uma expressão deleuziana, aponta para a continuidade entre o panoptico foucaultiano e as midias locativas:

“Locative media are originally and still used for the same purposes. GPS were originally conceived by the army to have visual information on the enemy situation and is still used for the same purpose. Even if we feel that we have privileged information, we have access to some of the available truths that these technologies allow. Goggle Earth is a good example of controlled information to control society. All the information in that piece of software is photographs from satellite taken months earlier to be sure public doesn’t have access to up-to-date compromising or military-useful information. Even open source information is forced to a form of censorship to permit control and surveillance on the users trough laws.
Being scared of an ultimate surveillance society is a very important reaction to have, but the main problem isn’t to be watched constantly; it is to have all this information controlled by people with bad or egoist intentions.”

Vejam o interessante vídeo (tracking services e discussões sobre ID cards, claro, na GB) indicado pelo post:

O segundo post, ingênuo e mal escrito, aponta no entanto para uma questão importante e que reflete o que expomos acima: as zonas de sombra, para ações de desconexão. O post “Swimming in the Gray Zone” aponta para essas zonas de desconexão, zonas de sombra onde as midias locativas não funcionam. Aqui, a desconexão ganha uma dimensão política, como forma de evitar ser pego por sistemas de vigilância. Como no jogo, Can You See Me Now onde, para não ser visto ou pego, é preciso saber usar as zonas de sombra da cidade. Trechos do post: “I think that the idea needing to find these grey areas where locative medias doesn’t reach is very important. I think it would be refreshing to be able to know that there’s a place where you can escape tracking as society becomes more and more controlled and tracked by different entities. (…)