La niebla en las palmeras

La Niebla en las Palmeras

Não sei se é o fuso horário ou algum jogo do acaso, mas quase não dormi essa noite, acordando as 4 da manhã…tentei voltar a dormir, sem sucesso. Desisti e liguei a TV para ver se o sono me pegava mas, ao contrário, fui pego pelo documentário/ficção “La niebla en las palmeras” (2005) que passava no Canal+…


Um belíssimo filme, entre ficção e realidade, colocando em relação a potência da ciência, através da física quântica, da guerra, com o projeto Manhattan, da memória e do desaparecimento, através da fotografia, dos registros pessoais, da luz. O filme ganhou a segunda edição do DIBA (Festival Digital De Barcelona) como melhor longametragem e como melhor direção.

Há imagens da Áustria, França, Cuba, EUA e Alemanha. O filme vai intercalando fotos de 1900 com imagens caseiras dos anos 20 e filmes da segunda guerra mundial criando uma atmosfera entre ficção científica, documentário e poesia. Há uma narradora (acho que a filha do fotógrafo Santiago Bergson, que colaborou com projeto Manhattan) que vai narrando sua perda de memória, seu desaparecimento junto com o das imagens, no que ela chama de “luz devoradora de tempo. (…) Não há mais foto, mais memória, só luz”. O filme vai mostrando películas que vão se deteriorando com o tempo onde só se vê a luz do projetor. Ela diz mais adiante: “el futuro esta demasiado lejo…no me interessa más!”.


Algo meio onírico, fragmentado, com imagens e sons que iam brincando com o meu estado, ao mesmo tempo em vigília e sonho. Em alguma momento a narradora diz: “para que servem as imagens se não para salvar o homem…”. Fiquei achando que acordara para ver esse filme, mesmo sem saber, que ele me salvaria dessa noite mal dormida e que me daria coisas para pensar, coisas sobre minhas fotos antigas, minha memória, meus registros…Neblinas! O que aconteceu efetivamente, “revi” fotos antigas que não me lembrava mais, e que nem sei onde estão. O amarelado do desgaste do tempo daquelas imagens ativou o amarelado dos registros da minha memória (minha infância, minha família, minha cidade de nascença…). Começei a enxergar palmeiras através da neblina do tempo.

Trechos do site:

“La Niebla en las Palmeras es probablemente la primera película cuántica de la historia del cine: un documental experimental que tiene como elementos la memoria, la historia, la ciencia y las imágenes. La Niebla en las Palmeras es una película histórica/ científica/ ficticia. Tres conceptos que están presentes a lo largo de toda la obra, unidos como los quarks, partículas elementales que no pueden ser separadas. Por este motivo La Niebla en las Palmeras es una película fundacional, un ensayo fílmico de rigurosa ciencia-ficción, una película sobre la historia de la ciencia, sobre la Historia como Ficción, una película que investiga la utilidad y la manipulación de las imágenes y, por lo tanto, la utilidad y la manipulación de la Historia.(…)



Además de una investigación arriesgada, cuidadosamente manipulada, resultado de dos años de montaje de imágenes, la película está plagada de emoción porque La Niebla en las Palmeras es también una historia de amor, una historia sobre las fotografías como sustitutas de los recuerdos y sobre los recuerdos como sustitutos del amor, un relato sobre la guerra como destructora de los recuerdos y sobre la ciencia como un arma de doble filo, siempre peligrosa y a menudo utilizada de modo destructivo.(…)”

E acabou…

Quando acabou, mudei de canal e passava “Walking Life” (2001), filme também forte em imagens, embora em outro registro, e sobre sonos, sonhos, vigília, e a indiferênça entre eles…Fiquei assustado. Aquilo era um pouco demais para as 5 horas da manhã.

Desliguei a TV e fui para a rua para saber se estava mesmo acordado.

One Reply to “La niebla en las palmeras”

  1. Olá André!
    Sou Carla, moro no Brasil e estudo pós graduação em fotografia.
    Li seu post sobre o filme "La niebla en las Palmeras" e fiquei bastante entusiasmada por assistí-lo uma vez que meu trabalho de conclusão de curso envolve exatamente um diálogo na questão da imagem e memória. Enviei um e-mail ao diretor do filme mas ainda não tive resposta.
    Agradeceria muito se vocÊ tiver dicas sobre como posso encontrá-lo. Mando notícias.
    Muito obrigada!
    Carla CAMP
    E-mail: camp.fotografia@yahoo.com.br
    Site:
    http://www.flickr.com/photos/carlacamp

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