Sempre fui fascinado pelo “Finnegans Wake” de Joyce. At arrisquei uma brincandeira em agosto de 2008, em um concurso de microcontos para o Twitter, quando escrevi, citando uma passagem sobre a queda (“fall”) no incio da obra, em 140 caracteres:
“Sonhava, caiu, (bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonnerronntuonnthunntrovarrhounawnskawnt
oohoohoordenenthurnuk) e no finn acordou.”
Em 1991, quando estava em Paris, passei os olhos na verso original, mas meu ingls no dava nem pro comeo. Depois tentei em francs, mas achei tambm que meu domnio da lngua estava aqum da empreitada. A fui verso brasileira, excelente, de Douglas Schuller, de 2001, e li. Li como quem ouve uma msica. A verso explica muitas coisas, o que bom para quem est lendo um livro ilegvel. Assim, fui, de pgina em pgina como em uma viagem formal, na estrutura e na sonoridade das palavras. mesmo incrvel como as palavras inventadas por Joyce fazem sentido, mesmo sendo colagens de mltiplas lnguas. Bizarras misturas que produzem sentido. uma experincia mstica ler a obra. Bom, no li tudo, claro, como acho que a grande maioria dos leitores de Joyce (passei com certa dificuldade por Ulysses, mas fui at o fim!). Na verdade, acho mesmo que ningum nunca conseguiu ler o livro na ntegra. E isso mesmo fascinante, um livro ter se tornado um clssico se jamais ter sido lido por uma grande quantidade de pessoas.
Post do Les Rpubliques des Livres informa que a obra ganha agora uma nova verso, de luxo. Seria um “novo” Finnegans Wake. Como afirma Pierre Assouline, no seu blog,
“Le no-Finnegans Wake, qui parat chez Houyhnhnm Press en dition de luxe (1000 exemplaires entre 250 et 750) avant dtre publi lan prochain en format de poche par Penguin, se veut aussi emblmatique du XXIme sicle que Ulysses le fut du XXme. On verra.”
Sim, veremos!
Aqui uma verso online do Finnegans Wake, com palavras comentadas…uma loucura! Abaixo um vdeo com o prprio Joyce lendo a enigmtica obra…Msica mesmo!