Algarve e Midias Locativas

Algarve

Estou voando amanhã para a cidade do Faro, no Algarve, Portugal, para participar de uma banca de um co-orientando de doutorado e para ministrar um mini-curso sobre mídias locativas.

Vou apresentar o resultado de minhas últimas reflexões sobre o tema, além de projetos que venho mapeando e mostrando aqui no Carnet. A idéia é investigar a relação das tecnologias de comunicação com o espaço urbano para compreender os processos de espacialização criados pelas mídias locativas: os “location-based services” e as “location-based technologies”.

As novas tecnologias digitais, as redes de conexão à internet sem fio e os diversos sensores que reagem ao contexto local de onde é produzida, consumida e distribuída informação, transformam atualmente as bases da comunicação social e das mobilidades física e informacional. Telefones celulares, GPS, redes bluetooth, Wi-Fi, Wi-Max e etiquetas de radiofreqüência (RFID) possibilitam trocas de informação localizadas, criando dinâmicas sociais de apropriação, mas também de vigilância e controle, nos/dos espaços urbanos. Uma chave para compreensão desse fenômeno é reconhecer o surgimento de um novo “território”: o que chamo de “território informacional”. Emergem assim novas funções nos lugares, novas heterotopias (Foucault).

Para a compreensão dessas novas funções dos lugares, tento problematizar as teses da “desterritorialização”, de “não-lugar” ou de “no sense of places”. Vou mostrar vários projetos que são exemplos contrários à essas teses, criando espacialização, e investigar os “novos” significados de conceitos como território, espaço, lugar, mobilidade e comunidade, além das novas funções (pós-massivas) dos dispostivos eletrônicos. Aliás, no fundo, é a dinâmica (e as tensões) dessas funções pós-massivas que estão em jogo (e certamente ameaçadas pelas bem alicerçadas funções massivas que bem conhecemos) na luta contra a lei de cibercrime brasileira. Mas esse não é um assunto que tratarei por lá!

Como conclusão provisória, tentarei mostrar que, 1. apesar de dinâmicas desterritorializantes, assistimos a novas formas de territorialização que, 2. apesar da globalização planetária das informações, crescem experiências que reivindicam uma dimensão local e que, 3. ao invés da constatação de que os lugares perderam sentido, o que vemos é o surgimento de novas heterotopias.

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Bom, fico então uma semana fora, tentando me manter atualizado sobre as mobilizações contra a lei de cibercrimes e tentando postar quando puder.

2 Replies to “Algarve e Midias Locativas”

  1. que alívio ver que nem todos os teóricos tem uma visão essencialmente distópica sobre os processos de desterritorialização armados pelas novas tecnologias.

    e melhor ainda ver que um dos melhores tem uma visão tão positiva de que o que realmente acontece é a criação de novos lugares.

    boa sorte em portugal.

  2. Prof André Lemos, boa viagem e defesa! Achei muito interessante a proposta da sua fala, se puder depois postar especificamente sobre a questão da temporalidade, estou desenvolvendo meu projeto de doutoramento na psicologia a partir desse aspecto em específico.
    Abraço
    Fabiana Maiorino
    http://psicologiapulsante.zip.net/

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