Vejam o artigo “A Tradio Remixada” do Ronaldo Lemos e do Hermano Vianna sobre a necessidade de mudanas na prtica e nas vises sobre direito de propriedade. Saiu na Folha dia 04 de setembro. No tenho o link. Escrevi recentemente um pequeno artigo sobre a “cibercutlura remix”, no esprito desse publicado na Folha. Os autores debatem a questo da tradio e das influncias entre culturas.
Abaixo pequenos trechos:
A TRADIO REMIXADA
…
A cidade de Olinda deu incio, em agosto deste ano, a um programa que tem
por objetivo propor uma nova poltica de gesto da cultura. A idia
documentar e tornar publicamente acessveis, em regime livre, aspectos da
cultura tradicional da cidade. Dentre outros, a cidade ir documentar seu
patrimnio histrico, suas festas populares, incluindo o carnaval de rua, as
artes plsticas da cidade, sua msica (como o cco-de-roda) e o teatro
popular, licenciando o produto desta documentao por meio de licenas
“Creative Commons”. Essas licenas concedem o direito a qualquer pessoa em
todo o mundo de livremente circular, copiar, distribuir e em alguns casos
modificar a obra, sem a necessidade de autorizao prvia.
…
So esses modelos de gesto, que contribuem para um movimento de integrao
global efetivamente cultural e simblico, e no s econmico, que so postos
em risco com enfoques como esse que prepondera nas discusses da Ompi.
Se a discusso continuar no rumo em que se encontra, possvel que a
cantora cingalesa M.I.A. tenha de pedir licena aos funkeiros cariocas para
utilizar o seu know-how, como fez em seu recm-lanado disco. A situao se
complica ainda mais quando o DJ Marlboro, que sempre sampleou outras msicas
para criar seus pancades, agora se apropria e remixa o remix feito pela
M.I.A., criando algo novo. Quem se apropria de quem? As tradies sobrevivem
justamente porque so permanentemente reinventadas. Atribuir a elas o status
de “propriedade” interrompe esse movimento, isola o que est vivo.