Silêncio ativo.
Mais uma da minha amiga Raquel, direto do Japão (obrigado querida!)
“…quase 100 por cento dos japas brincam com o celular nos trens (não falam porque é uma gafe, e nenhum celular toca, porque é um constrangimento quando isso acontece nos trens ou nos ônibus). Eles são super preocupados com a coletividade, em não perturbar o silencio.”
Vemos na foto acima e no depoimento da Raquel, a concentração e o isolamento dos japoneses: todos (ou quase) utilizando os celulares em um trem. O corpo fala nesse silêncio: Cabeça baixa, concentração, privacidade….em uma dimensão pública. Isso me lembrou os parisienses no metrô onde ninguém fala com ninguém e estão todos sempre lendo algo, criando a mesma sensação de isolamento e privacidade (bom, na “minha época” Paris era pré-celular e é bem possível que a coisa por lá esteja mais ou menos como no Japão, aliás como o mundo todo).
Escrevi em um último artigo sobre os “territórios informacionais” (ver link artigos nesse Carnet), mostrando zonas de controle de fronteiras informacionais nos espaços urbanos, em mobilidade. Na foto, podemos notar a criação de uma “bolha” invisível, mas muito evidente (tanto que chama a atenção), delimitando claramente uma fronteira entre a esfera privada e o espaço público. Essa prática, entretanto, é muito comum no usos dos telefones celulares no mundo, desde atender e sair andando procurando um lugar afastado, se virar para evitar o outro ou mesmo colocar a mão na boca para abafar o som. Criamos uma “bolha” privada e nos protegemos (e protegemos o outro) das interferências do ambiente. Há aqui um jogo entre “figura e fundo” muito interessante e bem diferente da relação de figura e fundo que estabelecemos na relação face a face (para mais sobre isso ver Goffmann). Temos assim uma zona de tensão a partir da criação de uma área privada no espaço público. Essa prática mostra não apenas a dimensão privada e o isolamento, ela mostra também uma preocupação para com o outro, para com o espaço público evitando perturbá-lo por uma situação privada.
andre,
seu comentario e certeiro qto aos celulares e privacidade/isolamento aqui em paris/metro> acrescidos do uso do mp3/i pod : cyborgues emsimesmados
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/08/070823_roubointernetsemfiofn.shtml
Britânico é preso por 'roubar' conexão wi-fi
Homem foi flagrado usando laptop em uma calçada de Londres
Um homem britânico foi preso pela acusação de utilizar a internet sem fio de banda larga (wi-fi) do vizinho sem permissão.
Inicialmente o homem foi detido por dois policiais do setor de Apoio à Comunidade, em Chiswick, oeste de Londres, na terça-feira.
Os policiais suspeitaram quando viram o homem de 39 anos usar seu laptop em frente a uma casa.
Quando interrogado, o homem admitiu que estava usando uma conexão wi-fi sem proteção. Mais tarde ele foi libertado sob fiança.
O caso agora está sendo investigado pela unidade de crimes de computadores da Polícia Metropolitana de Londres.
"Esta prisão deve funcionar como alerta para pessoas que pensam que é aceitável usar de forma ilegal as conexões de banda larga que pertencem a outra pessoa", disse o policial Mark Roberts.
Segundo a lei britânica o uso de acesso à internet grátis de forma desonesta é crime, segundo uma lei de 2003.
Outros casos
Este foi o terceiro caso conhecido de uso de serviços de internet sem permissão.
Sinais marcavam locais onde internet poderia ser usada de graça em Londres
Baixar programas grandes usando uma conexão wi-fi pode prejudicar a velocidade de acesso do verdadeiro dono da conexão ou mesmo o limite de programas a serem baixados, mas um uso normal (checagem de emails, por exemplo) não deve sequer ser notado. A maioria das vítimas não sofreria nenhuma perda neste caso.
Em 2002, Matt Jones, o designer original da página em inglês da BBC, criou o "warchalking" com um grupo de amigos. Estes símbolos desenhados com giz (chalk, em inglês) em muros e calçadas mostravam para os entendidos onde estava a internet sem fio de graça.
Entre os críticos da prática está a empresa de telecomunicações Nokia, que meses depois afirmou: "Isto é roubo, puro e simples".
A empresa temia que usuários ilegais se juntassem perto de uma rede aberta, diminuindo sua velocidade. E também com as considerações éticas.
Mas, o filósofo Julian Baggini, afirma que não estes roubos não são tão graves.
"Sou a favor dos ladrões (de internet) neste caso. Se você está fazendo isto sistematicamente (…) isto é imoral. Mas uso ocasional durante uma viagem é um pouco como ler seu livro usando a luz que vem da janela de alguém. É como comer os restos (de comida) deixados por alguém", afirmou.
beleza…vou postar!
abs
Andre