Rio Bikes e Hapax

Rio, Bikes e Hapax

Terminando os trabalhos de avaliação na Funarte, andei no centro da cidade (perto do local do evento) e fui ao Espaço LCD do Centro de Artes Hélio Oiticica ver a instalação do grupo Hapax. Já postei (aqui e aqui) sobre o trabalho deles anteriormente e pude ver de perto a instalação “Transitantes”, com as obras “Burro-sem-rabo”, “Chapa Quente” e “Burromobile”. Todas revelam derivas sonoras urbanas com o uso de sucatas, celulares e GPS. O interessante, com certeza, é a performance ao vivo, mas como não estava aqui, valeu a pena ter visto o carro, a chapa quente, ver o tracado com GPS escrevendo a palavra PODE e ouvir os sons gerados (gravados para a instalação). Vejam as fotos que fiz abaixo no local.


Entrada do Espaço LCD no Centro Hélio Oiticica

Descrição da instalação no site do Hapax:

” ‘Transitante’ é um processo de pesquisa composto por três trabalhos que têm em comum o movimento, o som e a cidade: ‘Burro-sem-rabo’, ‘Chapa quente’ e ‘Virtugravuras’. ‘Burro-sem-rabo’, um carrinho de mão usado por catadores e recicladores de resíduos urbanos adaptado com um aparelho de som que reproduz sons e ruídos criados em estúdio, fez parte de duas ações do grupo, em 2006, no Rio, e em 2007, em Belo Horizonte, no qual os integrantes do Hapax realizavam uma deriva com o carrinho por ruas das duas cidades. Além dos sons já gravados, eles captavam outros na hora com um pequeno gravador digital e, no final da caminhada, realizavam uma apresentação ao vivo. No Espaço LCD, ‘Burro-sem-rabo’ não saí às ruas e fica como objeto de exposição reproduzindo os sons captados nas performances anteriores. ‘Chapa quente’, de 2005, é um objeto sonoro imersivo formada por três chapas de ferro no chão que geram sons a partir de sensores que podem ser ativados pelo público.


“Burro-sem-Rabo”

Interligando as duas obras estão os vídeos produzidos pelo ‘Burromobile’. O programa – criado especialmente pelo grupo em parceria com o engenheiro cartógrafo Carlos Leonardo Povoa – converte coordenadas de GPS (aparelho de localização via satélite) obtidas em andanças do grupo pela cidade em som e imagem por meio de suas interfaces: um celular usado pelo Hapax e um computador que fica no espaço expositivo. A idéia é criar uma cartografia visual e sonora. Os padrões gráficos e sons foram obtidos em regiões diferentes da cidade especialmente para a exposição. Em três bairros do Rio, por exemplo, mapearam quadras, ruas e praças com o formato das letras que compõem a palavra ‘Pode’. Cada movimento gerou uma interferência sonora e um vídeo-poema. A experiência já foi usada com sucesso na performance em Belo Horizonte durante a deriva do grupo com o ‘Burro-sem-rabo’ na capital mineira (daí o nome do programa ter sido batizado de ‘Burromobile’) e vem agora, pela primeira vez, ao Rio. “


Escrita com GPS do Burromobile escrevendo PODE

Na sequência passo para ver mais uma vez o magnífico Real Gabinete Português de Leitura. Gosto da atmosfera e do silêncio. Achei vazio, poucas pessoas lendo, mas pouco importa. É como entrar em uma igreja…Na praça em frente, uma instalação com bikes e uma “ciclovia suspensa” (não sei de quem!).


Bikes suspensas…

Ambos (Hapax e Bikes) mostram exemplos de mobilidade, ao mesmo tempo física e informacional. No primeiro caso, o transporte “burro-sem-rabo”, o Burromobile com seus traçados em GPS e as Chapas-Quentes. No segundo caso, as bikes e a ciclovia cortando a praça, a mobilidade urbana e a imobilidade dos sem tetos (vejam a última foto), se apropriando da “ciclovia suspensa”.


“Ciclovia Aérea”


Bike, mobilidade, e imobilidade dos sem tetos abrigados sob a ciclovia temporária.