Paralisar

2013-09-10 17.06.05

Há momentos que precisamos parar mesmo, mesmo sem saber como, mesmo sem poder, por causa dos mais diversos compromissos e falsas prioridades do dia-a-dia. Mas o corpo, ou o que está ao redor (o que dá no mesmo), nos convida a pausas voluntárias, ou vai nos obrigar a pausas forçadas nessa grande conspiração que construímos sem saber, artífices que somos da nossa própria guerra. Ficar em casa, não fazer nada, buscar não se preocupar com as coisas que estão sempre passando e nos tomando mais energia e tempo do que elas merecem. Há um mês, a bomba da respiração me fez ficar em casa tratando e matando pequenos organismos nefastos. Fraco, parei para respirar. Agora, de um deslize escorregadio em piso molhado, o membro esquerdo do deslocamento é torcido e corroído internamente para me obrigar a parar e a engessar, literalmente, o fluxo da coisas. Parar de andar para andar de novo (antes, porém, ficar no vai e vem do sentar, deitar, sentar, deitar).

Parar para…? Bah! Sei lá! Portanto, potente, poente, da bomba da respiração veio o primeiro aviso: parar para tomar fôlego. Achei ter aprendido. Mas eis que vem a queda e vejo que ainda preciso aprender mais umas coisinhas. De uma queda ridícula e banal, como todas, aliás, a imobilidade, a interrupção do fluxo dos deslocamentos banais para mudar o ritmo do movimento, para pisar mais firme antes de dar qualquer passo, no seco ou no molhado. O recado (de quem mesmo? Desse conspira-dor, desse artífice[o] que sou eu mesmo?) é claro: reter a respiração para respirar melhor, barrar a movimentação para ir com mais firmeza… Parar para não paralisar, para analisar? Para parar e focalizar, para panamericanizar. Oh! Paname (je rêve toujours de toi)!

Acho que é isso. Nem fluxo de ar, nem movimento das pernas… Parar o fluxo das coisas sem importância. Na marra! Ou se não é isso ou aquilo, passa a ser isso e aquilo, aqui mesmo, nesse sentido assim construído (sim, o artífice conspira-dor também pode ser um Deus ex machina) do parar para ir, parar para pa, pa, pa…, para parar não paralisar, para pa, pa, pai.