Miopia dos Mapas
Tenho que ir agora a um banco para resolver um problema, mas não sei exatamente onde ele fica. Entrei no seu site, peguei o endereço mais próximo da minha casa, cliquei na opção mapa e abri no Google Maps. Vi que fica mesmo perto, mas queria saber exatamente onde, em que prédio e a que distância da minha casa para ver se posso ir a pé. Bom, sei que dá para ir a pé, mas não sei exatamente onde ele fica. Sei mais ou menos, mas não exatamente. Um mapa impresso não me permitiria a navegação, mas me informaria exatamente onde ele está. Não poderia mudar de escala e realizar “zoom out e in”, mas poderia ver com mais precisão. Bom, poderia se o mapa fosse um mapa de bancos e não um mapa da cidade. Com o mapa impresso genérico da cidade eu não poderia perguntar onde fica o banco mais próximo da minha casa, nem navegar para dentro ou fora, para norte ou sul. Com o mapa digital tenho a navegação e a busca em banco de dados, que me ajuda muito, embora impreciso. Navegar é impreciso! Aqui, nos mapas digitais tipo Google Maps, temos um erro que se assemelha em muito a um movimento, a um erro de navegação, a sombras nos traçados, a erros dos indicadores de latitude e longitude, de mimetismo dos mapas de ruas e das fotos aéreas. A miopia do Google Maps coloca, como voces podem ver abaixo na imagem, o banco no meio da pista, entre os carros.
Isto mostra os desvios e as imprecisões dos sistemas de localização . Se fosse seguir ao pé da letra, talvez, no meu caso, eu morresse atropelado. O exemplo me lembrou os trabalhos de Aram Bartholl Netzdatenwelt vs. Alltagslebensraum que brincam justamente com essas imprecisões colocando marcadores “reais” nos lugares “exatos” indicados pelos erros dos sistemas. Isso mostra que o mapa produz o território e as relações de espacialização daí derivadas, que eles nunca são miméticos com o espaço real e que a localização é sempre relativa e só se estabelece pelo jogo com os erros e as imprecisões.