Leitura imprescindível o recém lançado “A invenção de Morel”, de Aldolfo Bioy Casares, pela Cosac Naify.
“O primeiro título da coleção Prosa do Observatório – coordenada pelo escritor e crítico Davi Arrigucci Jr. – resgata um livro cultuado pela crítica internacional, figurando freqüentemente em listas dos “cem volumes fundamentais da literatura universal”. O livro celebrizou o argentino Adolfo Bioy Casares (1914-99), cuja escrita foi intensamente admirada por seus compatriotas e contemporâneos Julio Cortázar e Jorge Luis Borges.”
O livro é de 1940 e flutua entre a ficção científica, a literatura fantástica e o romance policial. Bioy Casares era amigo e admirado por Jorge Luis Borges que sobre o livro declara: “discuti com o autor os pormenores da trama e a reli; não me parece uma imprecisão ou uma hipérbole qualificá-la de perfeita”.
O livro é narrado na primeira pessoa, por um fugitivo que se esconde em uma ilha e começa a ver habitantes estranhos que nunca notam a sua presença. Trata-se, como os leitores verão, do efeito de uma “maquina” inventada por Morel. Esse estranho dispositivo fica entre atualidades como o Second Life e realidade virtual. Fiquei com a impressão que estava, sem querer nem um pouco diminuir a obra, muito pelo contrário, dentro da ilha (?) de Lost e de alguma das ilhas (?) do Second Life.
A visão de Bioy Casares sobre essas tecnologias é muito interessante e nos ajuda mesmo a pensar as mídias em geral, e as tecnologias da cibercultura em particular. Sempre tenho insistito que toda mídia é um conjunto de artefatos (dispositivos) e processos que nos ajudam a nos livrarmos dos contrangimentos espaço-temporais. Bioy Casares fala da mesma coisa quando nomea esses dispositivos em termos de ausência, alcance e retenção.
“Penso que distinguir pelas ausências – espaciais ou temporais – os meios de superá-las leva a confusões. Talvez fosse o caso de dizer: meios de alcance e meios de alcance e retenção. A radiotelefonia, a televisão, o telefone são, exclusivamente, de alcance; o cinematógrafo, a fotografia, o gramofone – verdadeiros arquivos – são de alcance e retenção. Todos os aparelhos para fazer frente a ausências são, portanto, meios de alcance (antes que se tenha a fotografia ou o disco, é preciso tirá-la ou gravá-lo). Do mesmo modo, não é impossível que toda ausência seja, definitivamente, espacial…” (p. 93).
gostei da dica, obrigada.