Esta acontecendo aqui, de 1 a 4 de novembro o Global Vision Festival, com filmes de varias partes do mundo. O tema central e’ os direitos humanos, a busca identitaria, o pacifismo e o meio ambiente. Assisti hoje dois filmes canadenses e gostei do que vi: “Aboriginality” de Dominique Keller e “Place Between” de Curtis Kaltenbaugh.
Os dois filmes falam, cada um a seu modo, de fronteiras, de limites, de territorios, no caso, de territorios culturais e identitarios. O primeiro filme e’ uma animacao de 5 minutos, muito bem realizada, mostrando um garoto assistindo um clipe de hip hop cujo cantor e’ um aborigine. Como que por magica, o garoto e’ transportado atraves da tela da TV para o mundo do aborigine. Ele espreita na mata o guerreiro que agora canta sua musica ancestral. A tela da TV e’ aqui um portal que envia o espectador para os limites da cultura, fundindo tradicao e modernidade, mostrando o aborigine cantando hip hop (uma forma de atualizacao de sua musica ancestral) e depois o mesmo aborigine em sua terra natal, cantando para os deuses. Vemos claramente as fronteiras dos territorios culturais, da magia ao moderno, do canto ancestral ao hip hop da cultura pop e do videoclipe.
O segundo, e’ uma busca do autor para reconstruir sua identidade em uma viagem para compreender a sua condicao no mundo depois de sua adocao por uma familia americana. De origem indigena canadense, o autor foi adotado com 7 anos por uma familia americana ja que sua mae estava envolvida com alcolismo e nao tinha condicoes de criar nem ele nem seu irmao, que tambem fora adotado, e que na epoca tinha quatro anos. O autor organiza um encontro das duas familias em Winnipeg. O filme intercala imagens externas com imagens mais subjetivas que ele mesmo faz com sua camera portatil. Apesar de todas as dores, o filme mostra o encontro emocionante das familias, coordenado por uma especie de xama local. Nesse caso, o autor busca recontruir seu territorio subjetivo, sua identidade, passeando pelo espaco “in between” de sua condicao. Ele busca compreender-se nessa fronteira entre a familia de sangue e a familia adotiva que se reencontram para criar um territorio, nesse “lugar intermediario”.