Blog e Cibercultura

Blogs são hoje uma das mais expressivas formas de comunicação da cibercultura. Eles têm inúmeras finalidades: página de atualização pessoal, ferramenta corporativa, instrumento de difusão de informação jornalística, suporte pedagógico, ambiente colaborativo e coletivo, os exemplos são inúmeros e não há limites para a utilização dos blogs.

Agora mesmo, nesse momento, utilizo a ferramenta como suporte e complemento da minha intervenção no Painel “Cibercultura e pesquisa sobre blogs” aqui na Campus Party 2010. Acabo de postar no momento mesmo em que falo já que terei pouquíssimo tempo aqui. É um complemento e não substitui o embate que se dá agora presencial.

Como tenho afirmado, os blogs são exemplos, assim como o software livre, os podcasts, a arte eletrônica, dos três princípios que balizam as práticas sócio-comunicacionais contemporâneas a partir das novas tecnologias e redes digitais:

1. liberação do pólo da emissão,
2. conexão aberta e planetária;
3. reconfiguração social, cultural, política.

Os blogs estão mais próximos da esfera conversacional (link) do que ao fluxo um-todos característico das mídias de massa. Considero que os blogs, em sua maioria, desempenham funções que não se enquadram mais nas mídias de massa. Tenho chamado essas fun?ões de “pós-massivas”. Eles existem e estão em expansão por serem um meio de comunicação em que não há controle da emissão, permitindo que qualquer um, com poucos recursos, possa livremente publicar informação diversas sob variados formatos (texto, fotos, vídeo, áudio…). Os blogs se aproximam aqui do “mundo da vida” das formas mais espontâneas de conversação pública.

A liberação do pólo da emissão encontra a conexão: blogueiros oferecem blogrolls, remetendo a outros blogs, além de áreas de comentários, instituindo respostas abertas (ou moderadas) às informações vinculadas. Emerge assim uma “blogsfera” sob os princípios da livre emissão e da conexão a outros, por afinidade ou interesse. Mais do que as mídias de massa, que são informativas oferecendo informação filtrada em um fluxo um para todos, os blogs são comunicativos (troca livre entre consciências), instituindo “comunicação” – embate com o outro, ação de “entrar na orquestra”.

Quando se pode emitir livremente e se conectar a outros, emerge a potência da reconfiguração social, cultural, política, o terceiro princípio. Não se trata de aniquilar formas massivas, informativas, unidirecionais de comunicação, mas da inserção de um novo elemento (por vezes e a depender da área, bastante perturbador), que altera práticas e cria outras. A lógica da história das mídias não é o “isso ou aquilo”, mas o “e, e, e… Por exemplo, podemos pensar no uso dos blogs como ferramentas pedagógicas, que não substituem as salas de aula, como ferramentas jornalística, que não institui o fim do jornalismo profissional, como complemento a informação televisivas, como espaço comunitário que não inibe o encontro face a face, ou como complemento de uma palestra, como estamos fazendo aqui.

Se até o papa esta clamando aos seus fiéis que “por Deus, tenham um blog“, é porque há aqui o reconhecimento de sua essência conversacional, comunitária, participativa e livre. O blog, como diversas práticas da cibercultura, está no bojo do que se pode chamar de uma nova esfera participativa e conversacional a partir dos três princípios da cibercultura.

3 Replies to “Blog e Cibercultura”

  1. Olá André Lemos,
    Estou aqui na palestra e comecei minha pesquisa na área o ano passado. Você é uma das minhas referências bibliográficas. Ótima apresentação!

  2. Olá,
    Como o Ibrahim acima, fiz também uma pesquisa de TCC sobre blogs e você foi bibliografia fundamental, junto com Alex Primo e Raquel Recuero – gente que eu acredito que faz um trabalho bem sério na área.
    Foi uma pena não ter visto a palestra ontem, ao vivo. Mas o interessante é que ler esse post é, em algum grau, uma forma de interação com a palestra. Gosto que você condiz com as ferramentas que estuda.

    Bença!

  3. Olá,
    Estive no Campus Party, mas, não consegui assistir a palestra. No entanto, com esse post, tenho uma idéia sobre o que pensas e afirma. Certamente será referência para minha dissertação de Mestrado. Grande Abraço!
    Josete

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