Canada Mobile
Cheguei no Canadá com a ilusão que iria comprar um Nokia N95 ou um iPhone a preço de banana e que a conexão à web e outros serviços pelo celular seriam barato e fáceis. Doce ilusão. Os serviços são caros, os telefones, simples e, tirando alguns modelos da Blackberry e da HP é impossível achar nas operadoras um telefone de ponta como os novos Nokia ou o HTC Touch Cruiser, por exemplo (3G, GPS embarcado e computação móvel). É possível comprar no mercado alguns desses aparelhos desbloqueados, a preços razoáveis, mas os custos das operadoras são de assustar.
Alguns dados sobre o atraso canadense. Enquanto em países como Japão e Coréia a telefonia 3G já está na maioria do parque de celulares, só agora ela começa a pegar por aqui. Segundo dados da revista Convergence (n. 50), em 2006 só 1% da população que usa celular no Canadá usava esse tecnologia, enquanto que no Japão esse número supera os 80%. Os canadenses não usam email (e pouco usam SMS) e o uso da web é restrito pelo preço caro do tráfego de dados. Os outros serviços (caixa postal, saber quem ligou, etc, coisas correntes no Brasil) também são caros e as operadoras pedem contrato de 3 anos para oferecer alguma vantagem. No Japão, 85% das conexões à web se fazem pelo celular. Hoje podemos ver por aqui celulares e serviços de acesso a sites sociais, como o Facebook, e telefones com “video-call”, mas ainda é bastante tímido e caro. Não vi ninguém na rua usando o “video-call” por exemplo. Os canadenses são os que pagam as tarifas mais caras entre os países desenvolvidos. Vejam dados abaixo comparando as operadoras canadenses (em vermelho) e outras, estando em pior situação que países do terceiro mundo como Ruanda.
Alguns analistas explicam que a situação é assim (preocupante) pelo tamanho do país e pela baixa densidade demográfica. A taxa de penetração dos celulares é bem baixa, 56 telefones para 100 habitantes. Ele está lá pela trigésima posição no ranking mundial. Dados de 2007 indicam 19 milhões de usuários. Só para comprar, no Brasil, por exemplo, já passamos os 124 milhões. Segundo dados da Teleco, apenas em 2007 o número de telefones móveis passou o de fixos, sendo um dos, senão o último país do mundo desenvolvido a ultrapassar essa marca.
Fonte Teleco
Não vemos por aqui serviços de pagamento por celular para entrar no metro, em ônibus ou para pagar o parquímetro, por exemplo. Apenas o uso do Blackberry é mais visível (talvez por se tratar de uma empresa canadense). Fui em três lojas de operadoras de celular e perguntei por celulares 3G e ninguém sabia me dizer nada sobre eles ou sobre serviços.
Um parêntese (me lembrei agora): O serviço bancário também é, em relação ao Brasil, muito atrasado: faz-se pagamentos por cheques enviados pelos correios, as senhas dos cartões são de apenas 4 dígitos, não há possibilidade de tirar cheque nas máquinas (tem que pedir e leva mais de 15 dias para ficar pronto!) e não há chip nos cartões.
No que se refere a internet, no entanto, como já mostrei em outro post, há empresas oferecendo velocidade de 50mb/s, com TV e telefone no pacote com preços mais baixos do que o que temos a 1MB/s no Brasil só para a internet. Também há inúmeras redes sem fio gratuitas (Vancouver, Toronto, Montreal), como mostrei em outro post sobre a iniciativa do projeto “Ile Sans Fils” em Montreal. O projeto criou uma rede gratuita Wi-Fi com 400 pontos de conexão e mais de 60 mil membros.
Assim sendo, acesso sem muitas dificuldades e com uma ótima velocidade a internet em casa ou na rua, mas continuo sem um telefone celular.