Identidade Eletrônica

Identidade Eletrônica

O governo de Bruxelas lança um cartão com chip que é um verdadeiro cartão de identidade eletrônico, com dados pessoais, autenticação de compras online, de serviços de e-gov, tanto para adultos quanto para crianças. O governo belga quer ser o primeiro europeu a adotar o e-ID para todos os seus cidadãos.

Vejam trechos da matéria do The Guardian, Belgium launches multipurpose ID cards:

“First, it acts as an ID document. Second, it provides a way of contacting next of kin if the child gets lost or has an accident. Each card carries a phone number that connects to a cascade of numbers registered by the parents. If there is no answer, the call is transferred to a national child-protection hotline. This function was developed in the national outcry surrounding the case of the paedophile murderer Marc Dutroux, who was tried in 2004.

“The first 24 hours after a child’s disappearance are the most important ones,” Van Eyck says. “If you find a child, or find a card, this system means the parents or the police can be notified right away.”

The card’s third function is internet safety: from the age of six, children can receive a PIN allowing them to sign on to children-only online groups.

The children’s card is part of a national programme to replace existing cards with multi-purpose electronic tokens. Some 6m electronic ID cards have been issued to Belgians; a similar card is being issued to 1.4 million foreigners. Local authorities issue the card, valid for five years, at a cost ranging from nothing to 35 euros (£24.30).

The e-ID has an embedded digital signature allowing citizens to bank online, as well as carry out e-government transactions such as filing tax returns. And since January, citizens of Brussels have been able to report crimes by plugging the ID in to a card reader.

Van Eyck says that far from oppressing citizens, the card puts them in control of their information. At the European ministerial e-government conference in Lisbon last month, he demonstrated a service called Myfile, which allows card-holders to check information held on them in the national register. “You cannot change your data yourself but you have a direct link to the municipality to send in corrections,” Van Eyck says.”

Mais uma vez o discurso é o da segurança e da proteção (principalmente das crianças) na nossa sociedade cada vez mais informatizada. Bom, fiquei pensando aqui que melhor seria abolir essa coisa primitiva que é um cartão de plástico, e colocar um chip intradérmico em todos os cidadãos, inoculando-o diretamente nos recém-nascidos, como uma vacina. Na realidade, é exatamente disso que se trata: uma vacina eletrônica, contra a sociedade da eletrônica, dando poder aos Estados para um maior controle, vigilância e seguranca (!?) dos seus indivíduos.

Interessante como a redução da vida a dados primários e a memórias eletrônicas em bancos de dados (uma busca constante e figurinha fácil em todas as histórias de ficção científica) nos parece dar uma sensação (ilusória) de segurança e de controle. Sempre que tentamos simplificar, transformando a complexidade da vida e da memória em dados binários contidos em suportes eletrônicos e em algorítmos eficientes, algo sempre escapa: o imponderável, o erro, a falha, o esquecimento…

E esse escape é o que pode mesmo nos salvar desse, como diria o finado Baudrillard, crime perfeito.