Politic, YouTube and Louise Bourgeois

Politic, YouTube and Louise Bourgeois


Louise Bougeois, Couple.

Algumas atividades recentes por aqui. Assisti a conferência de Darin Barney, “One Nation Under the Google”, sobre a dimensão política da internet, na sexta. Barney retoma a questão da politização da tecnologia e do potencial, ao mesmo tempo democrático e desagregador das novas tecnologias. Ele reconhece que a Internet oferece ferramentas para o exercício da cidadania e do ideal democrático sem precedentes na história das mídias (as funções pós-massivas), mas que também, pelo determinismo e pela busca da neutralidade do desenvolvimento científico e técnico, pode levar à uma despolitização e à uma aderência aos novos dispositivos sem questionamento. No fundo, o que ele propõe não é algo novo, mas levar em conta que a ciência e a tecnologia são ideologias (Habermas) e que por isso mesmo, devem ser objetos de questionamento político desde suas bases: por que esse sistema operacional e não outro? por que a disseminação de câmeras de vigilância? por que esse sistema de TV digital e não outro? Por que esse tipo de celular e esse uso das redes? Na maioria dos países (ele citou casos de excessão na Dinamarca), essas questões são deixadas nas mãos dos tecnocratas, já que são “técnica”. No entanto, elas são políticas e atingem os cidadãos que, nessa posição, devem ser capazes de exercer um julgamento sobre a coisa pública. Ele investe assim na máxima heideggeriana de que a técnica não deve ser vista apenas um instrumento neutro e defende a idéia de que recusar ou aderir sem crítica ao desenvolvimento tecnológico leva ao mesmo erro: deixar a técnica ao seu próprio ritmo – ou seja, à burocracia estatal, aos cientistas e engenheiros. A palestra foi interessante, mas não me pareceu trazer nenhuma novidade ao debate.

No domingo assisti à avant-première mundial do documentário sobre Louise Bourgeois, Louise Bourgeois: The spider, the mistress and the tangerine (EUA, 2008) no FIFA, Festival International du film sur l’Art. Um excelente documentário, informativo, sem ser didático, e buscando cumplicidade e se aproximar da sensibilidade da artista. Sua obra é uma depuração de sua prórpia história de vida. Saí apaixonado por essa senhora de hoje mais de 90 anos e que com humor, sarcasmo, ironia e muita simplicidade consegue fazer de sua vida uma obra de arte e vice-versa. Ela diz em determinado momento que arte não tem muito nada a ver com materiais (e é uma escultora falando!), mas com idéias, emoções e sentimentos. Me lembrei muito de uma exposição do Helio Oiticica, “CosmoCoca”, mas não sei muito qual a relação ;-)). De qualquer forma o documentário é longo mas muito bom.
No link do filme acima vocês podem ler:

“(…)As a screen presence, she is magnetic, mercurial and emotionally raw. There is no separation between her life as an artist and the memories and emotions that affect her daily life. As an artist she has been at the forefront of a succession of artistic developments, but always on her own powerfully inventive and disquieting terms. In 1982, at the age of 71, she became the first woman to be honoured with a major retrospective at New York’s Museum of Modern Art. In the decades since, she has created some of her most potent and persuasive work. The directors filmed the artist frequently between 1993 and 1998, at her Brooklyn Studio, and her work in museums in the U.S. and Europe. While revealing her childhood sources of pain, she describes the ritualistic processes by which her memories become embodied in sculptures and installations, whose aggressive magic the camera explores.”

E hoje participei da discussão “Webfilm and Citizenship”, um seminário colaborativo entre Centre for research on intermediality (CRI) e Media@McGill. Ambiente descontraído e produtivo, com vários pesquisadores (recém doutores, professores, mestrandos) travando discussões sobre as novas mídias e principalmente a Web 2.0. A ênfase foi o YouTube e ao que eles chamam, erradamente ao meu ver, de “web-filme”. A partir daí apareceram questões ligadas à cidadania, à censura, à política e, claro, à linguagem das novas mídias, aos gêneros audiovisuaus, à narratividade, ao papel do internauta, etc. Bom ambiente e discussões estimulantes. Bom mesmo foi ver a integração de dois grupos de pesquisa, de universidades diferentes, que falam línguas diferentes, participarem juntos ao mesmo debate.