Pesquisa Empírica em Comunicação


Fonte:: http://pt.wikipedia.org/wiki/Recife#Hist.C3.B3ria

Fechando a mala para ir à Intercom 2011 em Recife. Sempre bom voltar a Recife e encontrar amigos queridos.

Fui convidado para participar de uma mesa sobre a “Pesquisa empírica em comunicação no Brasil” com colegas ilustres como Norval Baitelo, Julio Pinto, Maria Helena Weber, Eduardo Meditsch. É sempre oportuno pensar esse tema, ainda mais se voltamos à raiz da “empeirikos”, o saber, o conhecimento adquirido pela experiência.

Mas não vou falar do que tem sido feito na pesquisa empírica em comunicação no Brasil. Vou destacar o que NÃO tem sido feito. Para tanto, vou propor pensarmos a Teoria Ator-Rede (Actor-Network Theory) como uma “teoria da comunicação” que poderia vir a acrescentar muito à pesquisa empírica da área no país.

A ANT tem aparecido recentemente em debates nos grupos de trabalho sobre cibercultura, principalmente na Compós e na ABCIBER, mas não faz parte do repertório das ciências da comunicação no Brasil. Para se ter uma ideia, em um dos livros mais importantes e recentes sobre o assunto, “Pesquisa empírica em Comunicação” (Compós 2010, editado pela Paulus, SP), organizado por José Luiz Braga, Maria Immacolata V. de Lopes e Luis C. Martino, apenas um artigo menciona autores ligados à ANT. E isso em 435 páginas.

Deixo abaixo um pequeno trecho do que será exposto na Intercom. Depois publico aqui o texto na íntegra. Como tenho feito sempre, o texto retoma pensamentos já expostos aqui em outros posts:

“A perspectiva da teoria ator-rede privilegia o conhecimento do social por conexões, mobilidades, mediações, traduções, fluxos, descrevendo as ações em movimento antes de enquadrá-las em “frames” teóricos ou estruturas interpretativa. Em meio a profusão de dados e de rastros deixados pelas mais diversas ações comunicacionais no espaço urbano por sensores, redes, tecnologias e serviços baseados em localização e mobilidade, a partir da ANT podemos tentar compreender a social como fluxo e não como estrutura. O interesse é, antes de trazer grandes explicações, identificar os rastros e os rastros são identificados pela pesquisa empírica.


Rastros no uso do iPhone

(…)

O objetivo é mostrar a importância da pesquisa empírica em comunicação ressaltando que para a ANT, o objetivo maior do pesquisador deve ser o de identificar e rastrear as associações entre diversos atores ou actantes (humanos e não humanos) a fim de poder “reagrupar” o social.


Rastros de usuários do Foursquare

Acredito que a ANT, pouco conhecida e menos ainda utilizada na nossa área, possa ser de grande valia como uma teoria da comunicação. Esforços precisam ser feitos nesse sentido já que temos algo muito rico ainda pouco explorado: uma teoria que mescla humanos e não humanos (mídias, p.ex), que começa nos rastros e nas associações, levando em consideração as materialidades da comunicação. Parece-me ser esse é o momento para introduzirmos, na pesquisa empírica em comunicação, a ANT.”