Media GPS

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As mídias contemporâneas, globais, criam novos sentidos de lugar e ajudam a expandir a percepção que temos dos outros e de nós mesmo. Como propõe George Mead, formamos a percepção da nossa subjetividade pela percepção dos outros, o “outro generalizado” em um jogo de espelhos. Goffman vai tratar desse tema depois analisando as micro-relações sociais e os papeis sociais. As mídias globais, desde os jornais, o rádio, o telefone, a TV e hoje a internet e diversas mídias digitais móveis, criam novas formas de compreensão do nosso lugar no mundo e de nós mesmo, do self.

O lugar se complexifica a partir de uma visão global de todos os outros lugares. Isso se dá por diversas imagens acessíveis sejam por uma maior mobilidade física (transporte), seja por uma maior mobilidade informacional (TV, website, comunidades e micro-comunidades, mapas digitais, fotos e vídeos com geotags, etc.). E expandimos também a representação de nós mesmos por uma ampliação desse “outro generalizado”, desse jogo de espelho não mais de proximidade física, mas de proximidade midiática, planetária. O outro não está mais necessariamente “ao nosso lado”, face a face, na nossa vizinhança ou comunidade de bairro. Ele está também distante, nas nossas relações eletronicamente mediadas em Facebook, Orkut, Twitter, Blogs, etc. Tratei desse assunto no artigo “A Arte da Vida. Diários Pessoais e Webcams na Internet”.

As mídias, incluindo as atuais, ampliam nossa visão dos lugares (criando novos sentidos) e de nós mesmo por jogos de espelho ampliados e por relações com o “outro” ao mesmo tempo presencial e mediado. Cria-se assim, “new sense of places” e “new sense of selves”. Lendo um texto do Meyrowitz (embora discorde de algumas de suas afirmações sobre a relação entre lugare e mídias digitais), achei essa afirmação muito interessante:

“These images help to shape the imagined elsewhere from which each person’s somewhere is conceived. In that sense, all our media (…) function as mental ‘global positionning system'” (in Nyíri, K, A sense of place, Passagen Verlag, Vienna, 2005, p. 24).