Mapeamentos colaborativos, 2

Abaixo resumo da minha palestra no Laboratório Cultura Viva (ver Slide no último post). Acima foto do site Mapas Livres, projeto brasileiro na plataforma Open Street Maps.

MAPAS COLABORATIVOS COMO INTERFACE DA CULTURA DIGITAL
André Lemos

Os mapas devem ser visto como mídias, trazendo tensões entre localização e mobilidade. Com as novas funções pós-massivas dos mapas digitais, oferece-se a oportunidade de produção coletiva e colaborativa de criação de cartografias locais onde as pessoas podem acessar e anotar posições no espaço. O objetivo é identificar as relações sociais, culturais e de poder entre os diversos “actantes” (Latour) para questionar hierarquias e as formas de habitarmos o mundo. Para Heidegger “os espaços que percorremos diariamente são arrumados pelos lugares”. O construir funda os lugares e articula espaços. Percorrer e navegar é produzir relações entre as coisas construídas. O mapeamento pode aqui revelar dimensões ontológicas, políticas, culturais, sociais e econômica desse “habitar”. A essência do homem é residir, construir (um lugar) para habitar. O lugar é o espaço socialmente produzido, e é ele que “arruma, dá espaço a um espaço” (Heidegger). Os “espaços recebem sua essência dos lugares”. O “outro” espaço, que não é o espaçamento entre os lugares, é um abstractum, matemático. Nesse espaço não encontramos lugares. Os mapas, tradicionalmente, buscavam um mimetismo com o espaço abstrato. Os mapas digitais podem revelar relações, conexões, movimentos entre as coisas no mundo construído (lugares). Mapas representativos (miméticos) não dizem nada sobre os lugares, são “panoramas”, não fazem correlações e fixam apenas generalizações. Mapas digitais colaborativos abrem a perspectiva de cartografias “não-miméticas”, navegacionais, menos representativas de um contexto (espaço). Eles podem nos ajudar a problematizar questões relativas ao habitar entre as coisas construídas (lugares).

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