The Stream?
Interessente texto de Nova Spivak no Twine, apontando para uma nova forma, ou metáfora, da Web: o fluxo, o stream. O argumento principal é que a Web torna-se mais conversacional, atualizando em tempo real as informações, sendo as ferramentas da Web 2.0 (blogs, microblogs, etc.) as responsáveis por essa atualização constante, por esse fluxo permanente e avassalador de informações.
Notem que a imagem do stream lembra logo as mídias de massa, onde o “ao vivo” representa exatamente este estado de fluxo em tempo real. Por exemplo, se perdemos o começo de uma emissão no rádio ou na TV, perdemos o fluxo e não sabemos o que veio antes. É isso o “ao vivo”. O fluxo exige o “tempo real” que, erradamente, estava associado às mídias eletrônicas. As mídias massivas são as mídias do tempo real. Diferentemente, o ciberespaço agrega mídias do tempo diferido, do “meu tempo” (escolho por onde e quando acessar o programa de TV, a série, a notícia do jornal ou a emissão de rádio que perdi). Virilio está errado quando afirma que as mídias do ciberespaço produzem uma “industrialização do esquecimento”. Esta é uma ação dos mass media.
O ciberespaço é, desde sempre, fluxo (e Spivak reconhece este estado), mas também um enorme banco de dados. Por ele informações multimidiáticas são produzidas, consumidas e distribuidas. Elas circulam e desaparecem mas também são estocadas permitindo, por tags e máquinas de pesquisa, recuperar informações e exercitar a memória e não o esquecimento em tempo real. Mas agora, como afirma o autor, “if we are offline even for a few minutes we may risk falling behind, or even missing something absolutely critical” (não é assim a TV e o rádio massivo?) perderemos essa memória coletiva? Está ameaçada a inteligência coletiva? A web estaria a caminho de se tornar uma mídia de fluxo contínuo, em tempo real, destruindo a memória e instaurando a “industrialização do esquecimento” de que nos fala Virilio?
A Web é desde sempre fluxo e embora muito se perca, há um avanço considerável das formas de recuperação da informação, das tags e das máquinas de busca, ajudando a reverter o tempo. A conversação é uma parte importante da Web, mas formas de indexação crescem da mesma forma, permitindo a memória, a garimpagem e a recuperação de informação. Por exemplo, não consigo acompanhar o fluxo de mensagens das pessoas que sigo no Twitter, mas posso sempre voltar por tags e retomar temas que me interessam (ou acompanhar em tempo real com o TwitterGrid).
Não seria então um exagero pensar que a Web poderia estar se dirigindo para um fluxo (streaming) em tempo real, e apenas em tempo real, como os mass media?
Vejam trechos do artigo “Is The Stream What Comes After the Web?” (via @plevy no fluxo do Twitter).
“(…)The Web is changing faster than ever, and as this happens, it’s becoming more fluid. Sites no longer change in weeks or days, but hours, minutes or even seconds. If we are offline even for a few minutes we may risk falling behind, or even missing something absolutely critical. At the same time new sources of information are emerging — social activity streams, RSS feeds, IM, media streams, and of course microblogging services like Twitter. All of these combine to form The Stream.
The Web has always been a stream. In fact it has been a stream of streams. Each site can be viewed as a stream of pages developing over time. Each page can be viewed as a stream of words, that changes whenever it is edited. Branches of sites can also be viewed as streams of pages developing in various directions. But with the advent of blogs, feeds, and microblogs, the streamlike nature of the Web is becoming more readily visible, because:
1. They are more 1-dimensional than normal websites: they are generally quite linear series of posts.
2. They change faster than typical Websites — often many times per day or hour.
(…)
We are going to need new kinds of tools for managing and participating in streams, and we are already seeing the emergence of some of them. For example Twitter clients like Tweetdeck, RSS feed readers, and activity stream tracking tools like Facebook and Friendfeed. There are also new tools for filtering our streams around interests, for example Twine.com (* Disclosure: the author of this article is a principal in Twine.com). Real-time search tools are also emerging to provide quick ways to scan the Stream as a whole. And trend discovery tools are helping us to see what’s hot in real-time.
One of the most difficult challenges will be how to know what to pay attention to in the Stream: Information and conversation flow by so quickly that we can barely keep up with the present, let alone the past. How will know what to focus on, what we just have to read, and what to ignore or perhaps read later?(…)”
Salve André Lemos,
Excelente post.
A WEB 2.0 possui essa facilidade de se tornar um verdadeiro banco de dados das idéias e dos conhecimentos.
Questiono muito as idéias contrárias, tais como a do britânico Andrew Keen, que afirma que o "Culto do Amador" é um verdadeiro apocalipse para a humanidade.
http://www.blogdoargonio.blogspot.com