Survey

Survey

Super-visão. Survey é, a partir do século XVI, mapeamento. Até então, os dados geográficos eram escrito em documentos, mas a partir do fim desse século, a palavra “survey” passa a significar a prática de produzir mapas. Lendo sobre mapas e cartografias (ver, por exemplo, “The World Through Maps, A History of Cartography”, de John Short), é comum ver associado o ato de produzir mapas com “surveying”, que está diretamente ligado a “surveillance”, ou seja, mapas como representação de um determinado olhar. Como explica Short, “survey began to mean a mapping exercice”.


Exemplo: Mapa do crime em Chicago. Leitura paranóica? Criação de visibilidade e mais segurança? De qualquer maneira, é a produção de uma super-visão, de uma “survey”, como forma de representar e tornar visível determinados “fenômenos sociais”.

“Survey” em português tem o sentido de “relatório”, “enquete”, “exame”… Trata-se, mais precisamente, de uma forma de “olhar atenciosamente para algo” ou de “examinar dados de areas” ou “construir mapas”. A palavra vem do latim medieval “supervidere”, super-visão. Evitente a relação não? Depois no século XV virou “supervisão”.

Coloco aqui essa discussão para reforçar mais uma vez que os projetos atuais de mapeamentos com mídias locativas não são neutros, não são politicamente sem cor e não devem ser encarados como mero exercício técnico. Produzir mapas é produzir sentido e relações de controle (território) e de manutenção das fronteiras – sejam elas físicas, políticas, culturais ou subjetivas – por uma “super-visão” que revela, que olha no superlativo e que também vigia.