Participo hoje do XVI Ciclo de Estudos sobre o Imaginário, em Recife, cujo tema desse ano é “Imaginário e Dinâmicas do Segredo”. Vou falar sobre a relação entre o segredo e a cibercultura. A minha conferência é amanhã, dia 19 as 14h. O cartaz acima está errado, mas o silêncio e o segredo têm uma forte filiação e não está essencialmente equivocado.
Abaixo uma resumo do que vou falar. Farei uma apresentação baseada em vídeos, mostrando as dinâmicas da cibercultura que instituem na “transparência total da informação”. O vídeos vão desde ilustrações sobre as formas de vigilância, até as atuais dinâmicas nos sites de redes sociais, como o twitter ou o Facebook, e as mídias locativas e a internet das coisas.
O segredo na cibercultura
A era da informação é a era da transparência. Os exemplos são inúmeros e caracterizam a cultura digital. Podemos ver a política da transparência nos discursos dos hackers que pregam que a “informação quer ser livre”, no movimento do software livre que quer liberar os segredos dos códigos, nas redes e mídias sociais como os blogs, o Twitters ou Facebook, nos quais a vida social é colocada em um regime de quase promiscuidade ou pornografia (tudo é revelado, para estranhos ou amigos que não são realmente amigos), culminando hoje com o Wikileaks, projeto ciberativista que tem como objetivo maior tornar público segredos de Estados e/ou grandes corporações. A transparência informacional na cibercultura significa o fim do segredo? Sem querer defender atrocidades escondidas em nome de Estados ou empresas, não seria o segredo fundamental para a criatividade e a produção de conteúdos e laços sociais inovadores? A transparência total e o fim do segredo levaria ao fim do anonimato e da privacidade, pilares dos regimes democráticos? Conservar algo em seu velamento pressupõe negociações para o seu desvelamento, ou para a produção da verdade (Heidegger). A discussão aqui é como o segredo se relaciona com a produção da verdade na cibercultura.
TÓPICOS DE DISCUSSÃO
Segredo – Cibercultura como era da transparência e o reingresso do segredo como ação política. Segredo como forma de esconder a verdade.
Maffesoli – Apocalipse – “apocalipse significa ‘cobrir, envolver, esconder’ e também ‘descobrir, desvelar’. É pois preciso entendê-lo como aquilo que revela o escondido, o que torna aparente o segredo, sendo que “a época espera seu próprio apocalipse, isto é, ser revelada a si-mesma”
Cibercutlura – transparência e privacidade e anonimato. História:
Informação quer ser livre – Microinformática
Internet – transparência informacional em tempos de guerra;
Software Livre – A liberdade do código;
Copyright e Copyleft – a liberdade de cópia e de circulação – não há privatização a fórmula;
Comunidades Virtuais – tudo falar, tudo discutir, de forma anônima;
Redes Sociais – Revelar intimidades para amigos, “mostrarão”/revelação como forma de sociabilidade. Novo regime de visibilidade – autoexposição de si, voyerismo, vigilância, controle;
Mídias locativas – hiperlocalização, a trasnparência do percurso e do movimento, a revelação dos lugares aqui em baixo, o esquecimento da Matrix.
Internet das Coisas – A comunicação dos objetos, a transparência total, a autonomia e ação dos objetos para revelar outras informações, outros objetos e outras pessoas. Memória dos objetos.
Wikileaks. Revelar segredos das alcovas dos governos e das empresas.
Prezzi! (Vídeos)
Tudo lembrar! A necessidade política do “esquecimento” dos dados. Colocar apagamento e segredo de volta no mundo da transparência total. Ação política e resgate do segredo como o que pode revelar a diferência no futuro. Como diz Brunel: “o próprio do segredo é que ele dá a imaginar”. A transparência total da cibercultura não pode destruir o segredo que dá a imaginar.