RFID, Spychip
Mobilidades física e informacional permitem desterritorialiar, criar linhas de fuga. Agora mesmo estou em um trêm, me deslocando fisicamente a 200km por hora. Conectado via wi-fi, posso também me movimentar informacionalmente (pelo ciberespaço), e posso ainda, como estou fazendo aqui, produzir informção e difundí-la virtualmente a todo o planeta. Já escrevi muito sobre isso nesse Carnet: a novidade do que podemos chamar de “era da mobilidade” (leia-se, com dispositivos digitais funcionando por redes sem fio) é essa conjunçao de mobilidade física e informacional com produção livre de conteúdo (até quando o projeto de cibercrimes brasileiro permitir!). Já mostrei nesse Carnet a mudança nos espaço móveis, como esse trêm, mas também aviões, navios, ferries…com as novas tecnologias móveis (celulares, wi-fi) e não vou retomar aqui (vejam os links).
Esquema da conexão Wi-Fi da Via Rail Canada
Mas essas mobilidades criam também novas territorializações, novas formas de controle informacional, de vigilância e de monitoramento. Agora mesmo meus passos no ciberespaço, assim como minha movimentação física pelo território canadense, podem ser monitorados pelos rastros físicos e eletrônicos deixados no meu caminho (meus tickets, minha fatura do cartão de crédito, meu log na rede wi-fi do trem, minhas imagens em câmeras de vigilância…). Ainda, até que eu saiba, não há nenhuma etiqueta RFID embarcada em meu corpo: nem nas minhas roupas, nem no meu Visa, nem no meu passaporte, nem no bilhete do ViaRail…, mas elas estão já estão aí e chegando bem rápido. É o que mostram as últimas infos (uma busca rápida revela e dimensão do fenômeno) .
Capa do livo Spychips
Estou terminando o livro “Spychips” (Plume Book, NY, 2006) das ativistas Katherine Albrecht e Liz McIntyre, da CASPIAN. O livro é de deixar qualquer um com os cabelos em pé. As autoras atacam empresas e protegem os consumidores contra a invasão desses chips na vida privada, mostrando inúmeros atentados em andamento e futuros contra os cidadãos – que nem sabem que estão levando para casa essas etiquetas. Elas mostram como essas etiquetas já estão em roupas, carros, produtos, passaportes…o objetivo é melhorar a eficiência das empresas e a segurança dos governos, mas a um preço altíssimo, nossa privacidade. Aqui alia-se mobilidade física (dos produtos e pessoas) e informacional (o chip emitindo a todo instante, a revelia do usuário). Essa é uma das facetas mais nefastas das tecnologias e redes digitais sem fio. Albrecht e McIntyre screvem na primeira frase do livro: “Imaginea world of no more privacy.”
Exagero? Vejam o site Spychips para mais infos e julguem vocês mesmo!
Vou largar essa tela e ver o espetáculo que desfila pela minha janela…