Realidade Aumentada no Link – Estadao.com.br. Vejam a matéria abaixo:
Que tal fazer download de todo o ciberespaço?
REPRODUÇÃO
O aplicativo Augmented ID reconhece o rosto da pessoa e mostra seus perfis em redes sociais
Quando surgiu a web, instituições e costumes foram digitalizados. Comunidades se tornaram virtuais; o comércio, eletrônico; e as personalidades viraram avatares. O virtual foi se tornando tão, mas tão real que, hoje, a promessa é que aconteça o inverso: ele invadirá o cotidiano e o mundo será o navegador. Parece ficção científica, mas os aplicativos de realidade aumentada provam que não é.
Pelo mundo, surgem programas como o holandês Layar, um navegador para o mundo real, e até uma lente de contato digital está em desenvolvimento. Assustador? “Nem um pouco. Adicionando mais informações ao nosso dia-a-dia, estamos construindo um mundo novo”, diz Marteen Lenz-Fitzgerald, criador do Layar.
Para o pesquisador de cultura digital André Lemos a fusão entre dispositivos móveis, GPS e aplicativos de realidade aumentada pode significar o fim da “primeira fase da internet”. Lemos explica que a intenção da realidade aumentada é oposta ao que propunha a realidade virtual e seus mundos à parte, como o Second Life. Em vez de isolar a pessoa e criar um outro universo, a realidade aumentada “enriquece o ambiente” com informações, “como se colasse post-its nos lugares”.
“A ideia nunca foi que a informação ficasse aprisionada em um espaço virtual, fora da minha realidade concreta, e que eu teria que me conectar em uma Matrix para navegar”, explica. “Está na hora de o ciberespaço baixar no mundo real”.
As primeiras tentativas de integrar real com virtual foram feitas ainda nos anos 60 pelo cientista Ivan Sutherland, em Harvard. Mesmo primitivas, elas já mostravam, segundo o especialista Romero Tori, “que fundir esses dois universos poderia significar uma expansão dos sentidos”. Na década de 90, a ideia comum era a internet como ciberespaço descolado da realidade. “Tenho trabalhado para reforçar uma hipótese contrária a isso”, diz André Lemos.
Se a tendência vista nos aplicativos e softwares descritos nesta edição se confirmar, pode ir se preparando para ver uma mudança muito profunda na maneira de se conectar.
Essa revolução vai além de conexões móveis e aparelhos portáteis. Para André Lemos, é o fim da era do upload, em que virtualizávamos as instituições. Agora, a internet estará em todas as coisas.
“Eu acho que a tecnologia terá um impacto não só no entretenimento, mas também na maneira como trabalhamos e vivemos”, diz Dan Gärdenfors, criador desse aplicativo. Para ele, a realidade aumentada liga o mundo real às informações que as pessoas têm sobre as coisas. “Isso vai definitivamente influenciar a maneira como as pessoas avaliam as coisas e dividem as experiências”, diz.
Mudança que não deve tardar. Donos de telefones com o sistema operacional Android, do Google, já têm acesso desde 2008 a programas como o Wikitude AR Travel, um guia que utiliza o GPS, a câmera e a bússola do aparelho para mostrar informações sobre pontos de interesse em várias cidades. Projetos semelhantes já estão sendo criados para o iPhone, da Apple.
“Acho que a popularização da mistura entre real e digital vai se dar mesmo com as tecnologias portáteis: telefones celulares, smartphones e netbooks”, aposta Lemos.
A importância da realidade aumentada cresce tanto que já existem até pesquisadores que acham que ela deve ser uma política pública. O norte-americano Rob Rhyne, por exemplo, defende que o governo seja o provedor de cidades invisíveis, formadas por informações digitais sobrepostas ao real. Se você apontar seu celular para uma placa, você saberia onde fica o metrô mais próximo, para que lado é o museu e até a taxa de criminalidade daquele bairro. E mais: você ajudaria a juntar esses dados, em um espécie de democracia 2.0. “A realidade aumentada tem uma enorme força política. Ela abre uma janela não para outro mundo, mas para o nosso. Só que melhorado”, diz Rhyne.
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