Ontem, depois de discussão em mesa de bar sobre a necessidade ou não de se ter um tablet, resolvi, para me divertir, construir uma lista e analisar os prós e contras. Fiz um cálculo, a partir de 12 caraterísticas e usos (abaixo), apontando: 1. se compraria ou não (SIM/NÃO); 2. qual seria a prioridade (ALTA, MÉDIA, BAIXA) e; 3. se a função representa uma característica ÚNICA, ou poderia ser substituída por outro dispositivo portátil e com mobilidade informacional.
A análise é baseada no meu gosto pessoal, naquilo que valorizo e no uso efetivo que faria do dispositivo. Para cada pessoa a análise dos itens muda, é claro.
Vejamos:
1. Materialidade do dispositivo: Itens como peso, forma, tamanho, mobilidade, portabilidade – SIM acho que para alguns usos (veremos abaixo) esse quesito teria uma prioridade ALTA e seria ÚNICO, não sendo substituído nem pelo laptop, nem pelo celular. O formato em forma de tábua ou prancheta tem seu charme e conforto. No entanto, devo confessar que me incomoda a semelhança a uma prancheta e ao seu uso, digamos, comercial, industrial, caracterizado por quem usa pranchetas. Lembra pessoas fazendo pesquisa de preço, burocratas e técnicos em uma linha de montagem ou secretários(as) prestativos que tudo anotam…Mas ok, o formato me agrada e pode ser bem confortável para certos usos.
2. Acesso à Internet: Para acesso à Web, redes sociais, email, SIM, dada a materialidade do dispositivo e ao meu uso frequente de WEB/email twitter. Para mim, um tablet para esse uso teria prioridade ALTA. Ele não é único, já que posso acessar a internet com celulares ou netbooks/laptops.
3. Leitura de Livros e Textos: Leitura de e-book ou textos acadêmicos. Para mim, NÃO. Prefiro um e-reader, simples, sem luminosidade como o Kindle. A prioridade seria BAIXA e totalmente substituído pelos e-reader.
4. Leitura de Jornais: Da mesma forma que não leio livros em telas iluminadas, não leio também jornais. Se houver necessidade, posso usar o netbook ou o celular. Assim sendo NÃO teria uso, a prioridade seria BAIXA e seria substituído por netbooks/laptops, celulares, e-readers. Para quem não se incomoda com a luminosidade, com a emergência de novos produtos, como o The Daily, por exemplo, podemos pensar que a leitura de jornais possa vir a ser uma experiência ÚNICA com os tablets.
5. Leitura de Revistas: Não leio revistas e não teria o menor interesse em ter um tablet para folhear, com certa sofisticação, revistas semanais ou do gênero. Assim, NÃO teria uso para mim, a prioridade seria BAIXA e poderia substituir com outros dispositivos, mesmo que não seja a mesma experiência. Para quem vai ler muitas revistas a coisa se inverte completamente, sendo uma experiência UNICA.
6. Plataforma para Games: NÃO jogo, logo a prioridade seria BAIXA. A experiência poder ser diferente no tablets. Se quiser passar tempo e jogar, o que não faço nunca, poderia usar o netbooks/laptops ou o celular.
7. Fazer Videoconferências: SIM, acho que um dispositivo como um tablet com duas câmeras pode ser bem interessante para Skype e outras formas de videoconferências Nesse sentido, a prioridade seria MÉDIA, já que posso usar, e o faço confortavelmente, com netbook/laptop e, começando agora, com o celular. Mas usaria, e o tablet pode ser bem confortável para isso.
8. Ver Vídeos: Para ver vídeos SIM, usaria, mas com BAIXA prioridade. Não vejo muitos a ponto de necessitar de um tablet. Ainda mais, posso assistir confortavelmente, sem precisar segurá-lo, em um netbook/laptop, e, segurando, em um celular.
9. Ouvir Música: NÃO. Ouço música o tempo todo, mas não me vejo usando um tablet para isso, a não ser eventualmente. A prioridade seria BAIXA já que o melhor dispositivo para isso é o celular. Ouço música sempre no meu celular ou em casa. Para escrever (o que faço diariamente e não dá pra fazer em um tablet) o netbook/laptop é uma ótima plataforma para ouvir música.
10. Telefonia: NÃO, telefonar com o tablet via fones bluetooth pode ser interessante apenas eventualmente. Mas qual seria mesmo a necessidade de uso se estou o tempo todo com o meu celular? A prioridade é BAIXA, sendo completamente substituído pelo celular.
11. Uso de Mapa e GPS: Uso mapas e GPS com frequência e SIM, um tablet de 7″ pode ser um excelente instrumento de navegação e localização. A prioridade aqui seria ALTA, mesmo podendo ser substituído pelo celular. A tela maior do que a de um smartphone seria um grande diferencial e pode proporcionar uma experiência ÚNICA.
12. Escrever textos: NÃO dá, só notas, bilhetes rápidos. Para isso tenho um moleskine em papel que não substituo por nada. E na necessidade de digitalizar, o Evernote no iPhone é suficiente. Logo, a prioridade seria BAIXA, podendo ser substituído pelo celular ou pela caderneta com folhas de papel.
Conclusão.
Fazendo as contas dos 12 pontos elencados acima, temos o seguinte somatório.
Sim, usaria o dispositivo em 5 pontos (42%) e ele teria prioridade alta em 3 pontos, e média em 1 (somando como 4 daria, 33%). Nos 5 pontos em que eu usaria o dispositivo, ele guardaria características únicas em 2 (17%) e médias em outros 2 (17%). Assim sendo, a conclusão é que não há, no meu caso, grande urgência ou interesse imediato para ter um tablet. No entanto, dependendo do barateamento, o uso constante que faço da internet (web, email, twitter) pode justificar a compra. Ter um dispositivo mais leve e confortável, associando com GPS e mapas, pode ser muito interessante para o meu caso. Se vier a comprar um, ele deve ser menor e mais leve do que o atual iPad, mais próximo do Galaxy da Samsung.
Ter um tablet se justificaria, no meu caso, pelo uso de mapeamento, localização, e conexão à internet, e não pelos livros, jornais, revistas ou games. Mas só se o preço baixar ou alguém me der de presente ;-)). Parodiando um apresentador de “gadgets” da televisão francesa nos anos 1990, “um tablet não tem muita utilidade, logo, torna-se um equipamento totalmente indispensável”.