Internet dos Objetos no Museu Vale

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Abaixo o texto da minha apresentação ontem nos Seminários Internacionais Museu Vale. No link o artigo publicado no livro organizado dos Seminários.

OBJETOS, TEORIA ATOR-REDE E INTERNET DAS COISAS.
André Lemos

O tema da Internet das Coisas (IoT) coloca em tensão três elemento fundamentais, a internet, a coisa e o hífen (o “das”). Para compreendermos essa atual fase de desenvolvimento da internet, é necessário compreender esses três elementos. O objeto, a internet e o hífen. Para compreender os objetos vou lançar mão da Ontologia Orientada a Objeto. Para compreender a nova fase da internet, as discussões em torno do ainda mal definido conceito de “internet das coisas”. E para a compreensão das associações, do hífen, a Teoria Ator-Rede (TAR). Notem que a TAR, por sua vez, também coloca em tensão três elemento: o ator, a rede e o hífen. Compreender os “hífens” é compreender as associações que formam a vida social entre actantes humanos e não humanos, tendo como análise uma experiência específica com o uso das etiquetas de radiofrequência, tecnologia fundamental no desenvolvimento da IoT.

Os objetos mudam sempre e é muito difícil desvelar todos os seus segredos (vejam as discussões no evento que organizamos em Salvador: “A Vida Secreta dos Objetos” em Agosto de 2012). No caso de projetos de IoT, eles ganham vida, qualidades infocomunicacionais, sendo “atentos” informacionalmente ao ambiente, transmitindo essas informações e agindo sobre outros objetos (humanos e não-humanos). Eles parecem vivos, comunicam e tornam-se inteligentes.

Vejamos os vídeos.

Essa nova agência gera novas associações (social) que merecem ser investigadas. Questões emergem como controle, vigilância e monitoramento, invasão de privacidade, autonomia dos não-humanos por delegação, mediação de não-humanos dirigindo ações humanas, invisibilidade dos processos etc. Assim, devemos tentar compreender como as novas funções dos objetos nos colocam em causa. Devemos pensar menos na coisa em quanto coisa (a perspectiva filosófica, como mostraremos a seguir) do que a coisa como aquilo que nos coloca coletivamente em tensão (a perspectiva sociológica). Nos interessa perceber o que essa “coisa” (objetos), como esse fato (matter of fact) nos concerne (matter of concern). Dando ênfase a esse último, podemos fazer emergir questões morais, éticas, políticas, pedagógicas dessa mediação (transformação de um em outro) e dessa delegação (autonomia de um, dada por procuração por outro) na internet.

Internet das Coisas

Notem, em primeiro lugar, que não há uma internet das coisas, nem uma internet das pessoas. Só há híbridos, na internet ou em qualquer rede sociotécnica. Para compreendermos o fenômeno técnico devemos evitar definitivamente uma perspectiva essencialista que insista na separação entre sujeito e objeto. O que chama-se de IoT é a nova configuração da rede internet onde objetos trocam informações sem um usuário humano dirigindo diretamente o processo (como quando usamos um celular ou um computador para acessar, produzir ou distribuir informações na internet, pedido acesso a servidores, deslocando informações, adicionando conteúdo). Nesse sentido, o termo IoT carece de rigor. Mas mantemos aqui já que esse é o que tem sido utilizado pela literatura dessa área (internet das coisas, internet dos objetos, internet de todas as coisas, rede M2M…).

A origem da IoT e do mundo dos dados em nuvens, como estamos vivendo hoje, não está na Internet. Seria necessária algumas palestras para poder mapear toda essa história e situar historicamente como se foi construindo essa produção, manipulação, armazenamento e distribuição dos dados que atinge o ápice hoje na sociedade da informação: falamos de “Big Data”, de computação nas nuvens, de mineração de dados, de Smart Cities, de Internet das Coisas. Os dados passam a ser agentes centrais das ações (gerenciais, produtivas, governamentais, policiais) no mundo contemporâneo, mas sua história começa, talvez, no século XVII, ganha contornos mais nítidos no século XVIII e XIX com a gestão do público e o surgimento de uma biopolítica ligando subjetividade a dados pessoais, espacialidade e mapeamento a dados geoespaciais precisos. Essa história pode muito bem começar com os utilitaristas ingleses do século XVII segundo os quais, compreender a vida social é compreender os fatos, transformados em dados operacionais. Só os fatos interessam, só os dados podem ajudar na gestão da vida urbana. Mais tarde, a teoria matemática da informação e a cibernética serão fundamentais na construção e na operacionalização maquínica desse mundo de dados. Passamos da escassez de dados (pré século XVII), para a captação dos dados como “data” (o dado do social no séculos XVII a XIX), para um regime de “captação” generalizada de dados, ou melhor dizendo, de “capta”, a partir dos rastros digitais deixados pelos indivíduos nas suas mais diversas ações quotidianas, transformando-os em fonte de riqueza, poder e controle (séculos XX e XXI).

Com a Internet das Coisas, trata-se de uma nova formação telemática na qual objetos são sensíveis ao ambiente (sensores), agem sobre outros objetos (atuadores), usam lógica e programas de ação acoplados a bancos de dados (algoritmos) e distribuem informações pelas redes. Assim, acoplados a sensores, atuadores, dados e ao processamento computacional em rede, eles podem agir por delegação, ou seja, com pouca interferência humana, criando associações por mediações, colocando em causa questões importantes para a vida social contemporânea. Captando, produzindo e distribuindo dados através de sensores, etiquetas de radiofrequência, atuadores, redes, middleware (softwares) e aplicativos, a internet que se está construindo agora multiplicará os dados em circulação e as coisas ligadas em rede, criando mediações, delegações e associações. Uma dimensão política daí emerge já que nessa nova emergência de híbridos, novas ações (sociais) serão estabelecidas.

Propus no texto publicado no livro desses seminários, que um primeiro passo a ser dado é tentar compreender o que são coisas e objetos, e como eles devem ser entendidos quando ganham novas potências infocomunicativa, inteligentes, sensíveis ao contexto e telemáticas. Eles criam associações. Coloco como hipótese que o “eidos” do objeto muda quando o mesmo ganha essas qualidades infocomunicativas (exemplifiquei no artigo com o caso das etiquetas de radiofrequência utilizadas em escolas municipais de Vitória da Conquista na Bahia). Além desse olhar ontológico sobre o objeto, é necessário a sua vinculação (o “hífen”) a outros objetos e processos apontando questões políticas importantes: o objeto em sua dimensão associativa, social, em regimes de visibilidade e invisibilidade, em setores comerciais, industriais, comunicacionais, educacionais, etc. Mas vamos por partes. Primeiro, uma rápida explicação sobre as suas dimensões ontológicas, o objeto em si, a partir da Ontologia Orientada a Objeto (OOO). Depois explicarei o hífen, quando os objetos ligam-se a outros, pela Teoria Ator-Rede (TAR).

Objetos

G. Harman, um dos mais importantes filósofos dessa corrente, propõe pensar o objeto em quatro dimensões, ampliando a visão de Husserl e mesclando-a àquela de Heidegger, criando assim a sua Ontologia Orientada a Objeto (OOO). Para Harman, os objetos são revelados apenas parcialmente, sendo a sua essência apreendida do resultado de tensões entre as suas quatro dimensões fundamentais: o objeto real, o objeto sensual, a qualidade real e a qualidade sensual. Dessas tensões surgem toda a sua filosofia: o tempo, o espaço, a essência e o eidos. O objeto real é, apoiado em Heidegger, inescrutável. Jamais poderemos entende-lo em sua totalidade. Algo está sempre velado ao entendimento humano e essa dimensão pertence ao objeto. O objeto sensível é como ele aparece à nossa consciência. A qualidade sensível é a que experimentamos ao nos depararmos com o objeto (sua forma, textura, cor, peso…), e a qualidade real a que intuímos intelectualmente. Usei no texto o exemplo de uma xícara na mesa e de uma xícara em projetos de IoT. Para Harman, Hegel não via o objeto real. Apenas o sensual.

Assim, a tensão entre o objeto real e sua qualidade real é a essência; entre o objeto sensual e a qualidade sensível é o tempo; entre o objeto real e a qualidade sensual, o espaço, e entre objeto sensual e qualidade real, o eidos. Vejam que com o exemplo da xícara, ou do escudo dos uniformes, a mudança mais notável é na qualidade real do objeto. Ele permanece sendo um escudo ou uma xícara (qualidade sensual e objeto sensual não mudam). O objeto real, permanece inescrutável. Assim, podemos supor que o eidos muda, já que a relação objeto sensual (o mesmo) e a qualidade real (agora mais do que xícara ou escudo, eles são mídias, a nossa percepção intelectual do objeto é alterada). E essa tensão é para Harman o eidos. A forma, a ideia, dos objetos mudam em projetos de IoT e essa mudança altera as formas de mediação entre os objetos e outros objetos e humanos, logo, muda as associações, portando, o social. Essa é a minha hipótese para explicar a IoT.

Mas ainda precisaríamos compreender a distinção entre coisa e objeto. A discussão sobre a filosofia de Heidegger e a definição do que é um objeto e uma coisa é aqui importante. A visão de Heidegger é a base da filosofia de Harman. Ambas as visões colocam o objeto em uma “bancada” e os vêem sem relações importantes com outros objetos. É como se os objetos fossem isolados do mundo real para poder, sob a lupa do filósofo, revelar todos os seus segredos. Impossível. Para Heidegger há diferenças entre coisa e objeto. A coisa tem sempre uma dimensão oculta. O objeto é sempre a ferramenta. A coisa (cujo real é sempre oculto), é o que ele chama de “present-at-hand”, ou “vorhanden”, o objeto diante de nós, pensado mas nunca totalmente desvelado. Alguns traduzem essa expressão por “teoria”. Já o objeto é para ele o “zurhanden”, ou o “ready-to-hand”, pronto para a mão. Alguns traduzem essa expressão como “ferramenta”. Aqui o coisa/objeto só pode ser percebido no movimento entre essas tensões. Notamos que para Heidegger a coisa é mais interessante do que o objeto. Para Heidegger, a melhor forma de situar essa tensão e de captar a essência de uma coisa é coloca-la em perspectiva através da sua “quadratura” ou “Geviert”: a terra, o céu, os deuses e os mortais (sendo esses o homem). Assim, todo objeto convoca essa quadratura e é possível chegar perto deles colocando esses quatro princípios em funcionamento. Podemos explorar qualquer objeto por essa quadratura, como Heidegger faz no exemplo do jarro. Essa é, a meu ver, a base do objeto quádruplo de Harman. Vou voltar a isso mais adiante ao posicionar Heidegger em relação a Latour.

Objeto – Rede -> Dispositivo e TAR

Para ampliar essa visão, muito centrado no objeto, achamos interessante trazer a noção de dispositivo e da TAR. Comecemos pela noção de dispositivo. Vou chamar aqui dois autores: Agamben (2009) e de Weissberg (1999). A ampliação do pensamento do objeto como um dispositivo nos permite colocá-lo em rede, ver associações, retira-lo de uma posição meramente instrumental. A noção de dispositivos é bastante ampla, e por isso mesmo interessante aqui. Ele é uma rede que coloca em relações coisas, normas, leis, resoluções, práticas, deontologia…Vindo de Foucault, tanto Agamben quando Weissberg mostram que a noção de dispositivo está associada a redes de poder e a sentidos jurídicos, tecnológicos e militares. É importante compreender o que é um dispositivo e mesmo colocar os objetos tecnológicos nesse domínio, pois ao fazermos isso conseguimos ver suas relações, interconexões, redes, de forma mais ampla. Por exemplo, pensar um celular, uma xícara ou um escudo escolar com etiquetas RFID como “dispositivos” nos permite ver políticas de telecomunicação, interfaces, mercados de aplicativos, formas de sociabilidades… A noção de dispositivo coloca em relação o objeto em sua dimensão fundamental que é a associação a outros objetos (humanos e não-humanos). A noção de dispositivo permite ligar a OOO à TAR.

Objeto-Rede. O hífen.

Latour rejeita a visão de Heidegger, mas vai se apoiar em alguns dos seus princípios. Acho que há quatro influências de Heidegger diretamente ligadas ao pensamento de Latour.

Para Heidegger podemos ver o objeto quando esse se quebra e revela as suas tensões (essa é a noção de caixa-preta para Latour: ao abri-las vemos as redes e as associações);
As coisas para Heidegger, de sua própria etimologia, é sempre o que nos coloca em causa, o que nos concerne politicamente, nos envolve (essa é a visão do parlamento das coisas em Latour, dos não humanos que nos colocam em “causa”, do “matter of concern” e não do “matter of facts”);
As coisas devem ser vistas, para Heidegger, pela suas associação à outras (através da quadratura ou o Geviert), mesmo que para achar a sua essência (as coisas são sociais para Latour, ou seja sua essência está na associação, mesmo que para Latour não haja essência já que essa é sempre associação), e, por fim;
4. O movimento. Para Heidegger a essência do martelo é o “martelando”, “a coisa coisa”. Essa dimensão do verbo como movimento também é muito forte em Latour em toda a TAR. O texto de Schiolin (2012) sobre o verbo em Heidegger e na TAR é revelador dessa dimensão móvel já que o verbo é a ação. Latour propõe que ao usar a TAR o pesquisador deve seguir os actantes, seguir a ação. É o que Schiolin chama de “seguir o verbo”.

Parece, embora não seja muito preciso afirmar isso já que Harman e Heidegger colocam a coisa/objeto em uma dimensão mais ampla, que a filosofia retira o objeto do mundo colocando isolado perante o filósofo. Ora, não há objeto isolado. Onde está uma xícara, um escudo, uma etiqueta RFID isolado de outros objetos, contextos e situações? Não encontramos. Assim, Latour vai rejeitar essa visão e afirmar de forma categórica que só a sociologia pode pensar efetivamente os objetos já que esses, livres de associações, simplesmente não existem. Um martelo não existe apenas na mente do filósofo, ou girando em um espaço imaginário. O mesmo podemos dizer de uma etiqueta RFID. Só há objetos em relação, em associação. Todo objeto é assim social. Embora seja importante uma análise do objeto na bancada do filósofo, devemos ir além e aceitar que só existe objetos em relação. Dessa forma, a sociologia teria mais a dizer sobre um objeto do que a filosofia e poderia nos ajudar na compreensão das diversas implicações dos projetos de IoT, ou quaisquer outros projetos ligados à cibercultura.

Aqui é que a TAR nos interessa. Ela pode ser vista como uma ontologia que traz os objetos à vida real, reconhece suas agências nas redes que formam o social e busca ver a sua essência apenas nas relações que eles estabelecem em suas diversas associações (perenes ou temporárias). Os conceitos fundamentais da teoria ator-rede colocam o hífen entre coisas e internet (entre atores e redes) em destaque, abrindo as conexões para visualizar rastros e redes em movimento. Rede não é a estrutura que abriga as associações e conexões. Rede é o que é produzido por associações e conexões. Rede é aqui movimento e não infraestrutura onde actante humanos e não humanos produzem mediações sem que haja sujeito ou objeto. Tudo depende de como se constrói o movimento que origina a rede. Tudo depende da distribuição da agência.

Assim sendo, nessa ontologia plana, podemos compreender que a relação entre humanos e não humanos e a proliferação de híbridos é característica da era moderna e que mais do que buscar a separação de sujeitos e objetos, estruturas e microrrelações, o interessante é ver e buscar o movimento de distribuição da agência entre humanos e não humanos. Só assim podemos compreender as coisas/objetos, a nova internet e o social que dai se agrupa e vai se agrupar no futuro. Devemos ver as controvérsias e o que nos coloca em causa na IoT com objetos comuns sendo dotados de novas funções infocomunicacionais (uma xícara não mais apenas uma xícara, um escudo em um uniforme não é mais apenas um escudo – são mídias que agem pela mediação e delegação). Por isso a TAR é uma “associologia” e os instrumentos teóricos que revelam essas redes são a mediação, a delegação, a tradução, o movimento e o fluxo das ações, as estabilizações ou pontualizações (caixas-pretas), as controvérsias e os rastros. A TAR parece ser uma ótima escolha teórico-metodológica para compreender os fenômenos da cibercultura, e mais particularmente o campo emergente da IoT.

Conclusão

O que podemos dizer aqui de forma sintética é que a TAR só reconhece objetos em associações e que não devemos buscar essências escondidas, mas apenas as reveladas. Ela torna visível o hífen unindo objetos com novas funções e redes telemáticas. Na área das ciências sociais essa abordagem me parece muito apropriada. As perspectivas de Harman e Heidegger sobre os objetos são importantes para uma análise do objeto nele mesmo, o que é muito interessante para revelar formas de suas futuras associações. Coloca-los como dispositivos permite-nos enreda-los em vínculos cada vez mais amplos (geopolíticos, jurídicos, técnicos, culturais ….) e ajudar a abrir caixas-pretas. A TAR, ao colocar o objeto como um objeto social, permite que visualizemos os objetos como aquilo que nos coloca em causa, que nos transforma em redes onde mediação e tradução têm sempre ações morais e que o sujeito humano não é sempre o foco causal de uma ação. Em um mundo de Big Data, automatismo nas trocas informacionais em rede e de cada vez mais objetos “comunicando” de forma autônoma, esse tripé (filosofia do objeto, dispositivo e TAR) nos oferece excelentes “cosmogramas” (mapeamento do movimento das associações, diferente dos paradigmas que seriam frames explicativos, modelos fixados a priori).

Vimos nos slides e vídeos como a IoT pode ser definida como a interconexão de objetos reais e virtuais a redes por protocolos de comunicação, tendo como seus elementos fundamentais os objetos reais, sensores, atuadores, aplicativos, base de dados, que coletam, processam e distribuem informações de forma automática, os usuários finais. Vimos os tipos, as áreas de atuação, as tecnologias e as vantagens (automatismo, eficiência, objetividade, transparência, conforto) e desvantagens (privacidade, falta de padronização, segurança no trânsito dos dados, marco regulatório…).

As diversas mediações humano e não humano (a IoT na escola, na cidade, nos carros, no comércio), a moral instituída (ou não) em algoritmos, a delegação de ações a não humanos (objetos, softwares, data centers ….) aparecem o tempo todo, mesmo se esses termos não estão presentes nos textos sobre IoT. A ausência de uma reflexão filosófica sobre os objetos e a IoT, o desconhecimento da TAR como uma perspectiva teórica importante para visualização das controvérsias e das redes que estão se constituindo é preocupante. Isso nos coloca um desafio teórico em um terreno ainda pouco explorado, o que não deixa de ser estimulante. Esse foi o objetivo do meu texto e dessa conferência. Esse é o objetivo da minha pesquisa atual: análise dos projetos de IoT, tendo por base a OOO e a TAR.

Com a IoT, está em jogo uma nova rede de redes sociotécnicas onde redes (associações) novas estão surgindo a cada dia: novas mediações, delegações e caixas-pretas formam-se e deformam-se a cada momento. Cabe ao analista colher os rastros, observar a distribuições das agências, ver o que nos provoca enquanto seres políticos, observar regimes de visibilidade e invisibilidade afim de analisar o social que nessas controvérsias estão se agrupando mais uma vez.

Obrigado.

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