Faço a conferência sobre “Internet das Coisas e Teoria Ator-Rede” hoje no SimSocial, as 17:45h. Vou discutir o que muda nos objetos quando esses passam a ter capacidades infocomunicacionais, tendo como exemplo o uso de etiquetas RFID em uniformes de estudantes em uma escola na Bahia.
Para mais informações sobre o SimSocial (que começa agora de manhã), clique na programação.
Resumo da minha conferência:
Este artigo tem como objetivo investigar o campo de desenvolvimento da “Internet das Coisas” (Internet of Things – IOT). A Internet das coisas é, de acordo com CERP 2009 (Cluster of European Research Projects on the Internet of Things), uma infra-estrutura de rede global dinâmica, baseada em protocolos de comunicação onde “coisas” físicas e virtuais têm identidades, atributos físicos e personalidades virtuais, utilizando interfaces inteligentes e integrados às redes telemáticas. As coisas/objetos tornam-se capazes de interagir e de comunicar entre si e com o meio ambiente através do intercâmbio de dados. As coisas reagem de forma autônoma aos eventos do “mundo real / físico” e podem influenciá-los por processos sem intervenção humana direta. O novo campo da IoT reúne questões técnicas e sociais. Durante o ano de 2008, o número de coisas ligadas à Internet excedeu o número de pessoas no planeta. Estima-se que haja mais de seis objetos por pessoa conectados no mundo hoje.
Por ser um arranjo econômico, social, político, comunicacional, a IoT é um campo privilegiado para a aplicação da Teoria Ator-Rede (TAR). A TAR busca identificar as mediações que se estabelecem na associação entre atores humanos e não humanos. Para a TAR, o social é o que resulta destas associações. O objetivo aqui é compreender as consequências morais, éticas e políticas dessa “comunicação das coisas” em curso com os projetos de IoT, a partir da análise de uma experiência com RFID em escolas na Bahia. Na primeira parte desse artigo vamos discutir a essência dos objetos e suas qualidades quando os mesmos passam a ter uma nova funcionalidade: a infocomunicacional. Na segunda parte, apresentamos os principais conceitos, tipos e características da IoT. Na terceira parte mostramos como a TAR pode ser uma ótima escolha teórica para analisar projetos de IoT. Por último, faremos uma análise do projeto de implementação de etiquetas de radiofrequência no escudo dos uniformes dos alunos em uma escola municipal em Vitória da Conquista, Bahia, mostrando como uma nova qualidade dos objetos traz à baila questões técnicas, mas também sociais, pedagógicas, policiais, alterando regimes de sociabilidade. Um objeto sensual, com novas qualidades sensuais, nos convoca a repensarmos suas qualidades reais.