Uma vez me perguntaram porque eu uso o plazes, que mapeia o lugar onde me encontro conectado no momento, ou o twitter para dizer o que estou fazendo em um determinado instante. Respondi, meio de brincadeira, que assim eu criava meus próprios álibis e exercia uma contra-vigilância sobre os meus movimentos…
Recente matéria da revista Wired mostra que o artista Hasan Elahi , vigiado pelo FBI por suspeita de terrorismo em 2002, decidiu transformar-se em um homem visível. A partir de pockets PC, celulares e GPS, ele documenta cada passo da sua vida, em tempo real, e publica no seu site, o trackingtransience.net. Assim ele mesmo tem o domínio sobre o que dizem dos seus movimentos, criando com as ferramentas disponíveis hoje, formas de contra-vigilância. Paradoxalmente ele exerce livremente uma auto-vigilância (???!!!!!), transformado esse estado, ironicamente, em arte.
Isso me lembrou o sistema de vigilância de e-mails do FBI, Carnivore, um programa que monitora e-mails a partir de palavras chaves suspeitas. Logo alguns hackers distribuiram “boxes” contendo várias palavras suspeitas para que todas as pessoas colocassem essas caixinhas em suas mensagens. Dessa forma, todos seriam auto-expostos como possíveis suspeitos. Por excesso o sistema perderia eficiência. O programa foi abandonado em 2005 por outros softwares comerciais.
O exemplo do artista e professor Hasan Elahi coloca em tensão as possibilidades abertas hoje com os dispositivos móveis digitais para controle, vigilância e monitoramento. Essas possibilidades são cada vez mais difusas e complexas. Mas, ao mesmo tempo, cria-se também práticas de contra-vigilância, controle e monitoramento pela hiper e auto exposição. A mesma arma é utlizada para funções opostas. Entretanto, por um lado ou outro, amplia-se a sociedade do controle.
Pena que não te achei no Plazes.