… e nessa tela escura ele procura uma saída, mas só encontra letras verdes pulando de um lado para o outro, como se estivessem desesperadamente a busca de balizas que pudessem limitar seus movimentos e, nesse limite, pudessem descansar já que não podem fazer mais nada, a não ser se renderem aos limites da tela. Sabe que é impossível qualquer fuga, seja para um lado ou para um outro, seja para cima ou para baixo…o limite do movimento das letras trouxe o conforto, já ele que não quer mais se sentir no limiar das coisas, como se estivesse sempre buscando a própria superação… e isso cansa muito, cansa demais, ninguém agüenta viver na abertura total das possibilidades irrestritas…Ele quer, como as letras verdes, uma margem, um ponto de ancoragem, um porto… Ninguém quer essa liberdade absoluta e absurda que insiste em nos colocar sempre à prova, em sempre nos levar para mais e mais, exigindo uma saída desse espaço absolutamente fechado na abertura…Chega dessa liberdade descomunal que não leva a nada, a não ser a mais expansões e recolhimentos sem contração, sem medidas ou desmedidas. O que é o homem senão essa medida ilimitada? Uma liberdade travada…E ainda bem, pelos limites ele descansa…Não há como parar esse movimento incessante de ir sempre adiante…chega de ir adiante. Ele quer frear e ir para trás, para onde estão as coisas do passado e da memória, para onde o que ficou, ficou, e o que não ficou, não é mais e talvez nunca tenha sido. Mas, ainda bem que tudo desapareceu na impossibilidade da tela escura, as letras não pulam mais de um lado para o outro…o sistema estabilizou, mas não a sua existência…as letras verdes não enchem mais o saco de ninguém com coisas e mais coisas, para um lado e para o outro, não pedem mais nada, nem balizas, nem limites…elas pararam. As letras verdes desapareceram, ele desapareceu, e só resta agora a escuridão, a imobilidade.