Prometeu – The Media Revolution

Ao ver esse vídeo (obrigado Tiago), “Prometeu – The Media Revolution”, sobre o presente e o futuro da revolução atual das mídias eletrônicas, o incômodo que tenho em relação às perspectivas de futuro voltaram.

Tenho observado uma falência na imaginação do futuro em vários trabalhos sobre ficção científica, sobre o imaginário e sobre as utopias. Participei, nos últimos anos, de bancas de graduação, mestrado e doutorado onde essa falência parece evidente: incapacidade de pensar “novas tecnologias”, “novas cidades”, “novas instituições”… Muitos autores, em vertentes intelectuais bem diferenciadas (Harvey, Maffesoli, Fukuyama, Baudrillard, Jameson, Lyotard, para ficar nos contemporâneos mais conhecidos) mostram o fim do futuro e a transformação espaço-temporal em um “eterno presente” na cultura contemporânea. Cada vez que assisto ou ouço falar sobre o futuro, me certifico dessa falência das utopias, como se elas não estimulassem mais o nosso imaginário, como se estivéssemos encantados com o presente ou incapazes de imaginar uma u-cronia e uma u-topia. Por exemplo, os filmes de ficção-científica falam cada vez mais do presente, os cyberpunks fazem “paródias do presente”, os futuristas repetem o que já parece estar entre nós, os romances não adicionam perspectivas de mudança, os economistas insistem no “neo-liberalismo” como o único caminho….tudo parece estar dado, e ao futuro só nos resta o mesmo, só um pouco mais radical.

Senti isso ao ver esse vídeo. Ele fala do presente e do futuro da cibercultura, mas o futuro aqui em nada se diferencia substancialmente do presente. Será mesmo o fim da história, do imaginário sobre o futuro e o vínculo radical a um eterno presente que nos enreda e nos prende no “aqui e agora”? Só conseguimos pensar hoje em um futuro apenas um pouquinho diferente do agora, em uma repetição do mesmo? Seria isso o esgotamento da imaginação e do pensamento que possa fugir das amarras do que temos hoje?


3 Replies to “Prometeu – The Media Revolution”

  1. Em pensar que muito do que temos hoje veio exatamente da capacidade de outros imaginarem as coisas que para nós estão cristalizadas.
    Realmente é frustrante a constatação da limitação da nossa imaginação.

  2. A sua preocupação é muito bem-vinda, André. Afinal, parecemos magnetizados pelo que conseguimos até então e nos esquecemos de tanta coisa importante não resolvida deixada pelo caminho. Insistimos em respondê-las, lembrando os velhos questionamentos dos gregos antigos. Desprezamos o passado, nos entretemos com o presente e nem ao menos conseguimos mais olhar adiante.
    Sim, vc tem razão. A academia pouco responde neste sentido. As artes também. A poesia mal toca. A economia pouco pode fazer. A política não é competente nisso. Onde buscar?
    (veja esse meu post: ele não acrescenta nada ao que vc já escreveu…)

  3. André, interessante a ideia do Prometeus, eu ja havia visto algumas coisa parecida alguns anos atras, era um site onde o cara mostrava um video em Flash com estas previsões apocalipticas.

    Concordo perfeitamente que o video é uma projeção de ficção para quem não quer errar, estamos no momento mais intenso da espiral evolutiva e o video projetou pouca coisa para os proximos anos, em momento em que uma semana pode fazer a diferença.

    Sobre o Video:
    Este negocio de quem "come" quem é coisa de Americano da velha guarda, estamos vivendo um novo paradigma onde o normal é a instabilidade, a mudança constante e a efêmiridade das sociedades, relações profissionais. Além disto existe uma forte tendência na personalização de produtos e serviços no mais claro ditame da Cauda Longa.

    Indo por este caminho as projeções de fusões e aquisições são furadas, pode surgir a qualquer momento um novo player que vai tirar o lugar de outro, e assim sucessivamente, na mais frenética entropia corporativa, onde quem compra quem não é o mais importante, e sim quem consegue criar um memme. A tendência do mercado é de empresas pequenas, grandes empresas perdem a mobilidade.

    Quanto à evolução tecnologica e a extinção dos dinossauros que tanto prego, estes sim são viaveis.

    Uma outra coisa que me chamou muito a atenção foi o Flickr se tornar uma fonte de historia fotografica o YouTube idem e a Wikipedia. Isto sim pode gerar um novo e forte paradigma. Você ja parou para pensar que realmente estes sites podem estar cumprindo este papel? Partindo da premissa que sim, então quais as garantias de que o conteudo seja preservado para a humanidade. A coisa foge totalmente da esfera corporativa e passa para a esfera social. Sera que o pessoal do Google, Flickr e Wikipedia ja pensaram nisto?

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