Sugestões de Leitura – Ficção 2020

Segue abaixo a minha lista de sugestões de leitura de ficção, a partir do que li em 2020. Os livros destacados em bold são os que mais gostei, mas todos são muito bons. De todos destaco três livros que para mim foram leituras excepcionais: Torto Arado, de Itamar Viera Jr.; Enterre seus Mortos, de Ana Paula Maia; Morra Amor – Ariana Harwicz. Abaixo a lista completa.

  • Resistência- Julián Fuks – Jovem busca entender relação com o irmão adotivo e os pais perseguidos pela ditadura argentina. Narrativa melancólica e psicanalítica.
  • A chave de casa – Tatiana Salem Levy. Muito bom. Personagem judia de origem turca refaz seu passado. Texto prende em capítulos que mesclam lugares e temporalidades.
  • Marrom e Amarelo – Paulo Scott. Excelente. Visão franca sobre racismo em meio a um fait divers envolvendo militância, jovens de classes diferentes e assassinato.
  • Enterre seus mortos – Ana Paula Maia. Excelente. Sobre um recolhedor de animais mortos e um padre excomungado. A morte rondando todas as coisas e uma personagem indiferente a tudo.
  • Torto Arado – Itamar Vieira Jr. Um épico tratando do racismo, da pobreza, da escravidão. Um livro excelente. Nasce um clássico da literatura brasileira!
  • Como se estivéssemos em palimpsesto de putas – Elvira Vigna. Gosto da escrita direta, indecisa, mas a história me cansou um pouco.
  • Sombrio ermo turvo – Veronica Stigger. Contos, peças, poemas. Bom, mas sem empolgar.
  • Deixe o quarto como está – Amilcar Bettega – Contos de realismo fantástico, narrativa bem construída e texto econômico. Muito interessante.
  • Enquanto os dentes – Carlos Eduardo Pereira. História de Antônio, cadeirante homossexual em sua volta para reencontrar os pais. Apenas ok.
  • Opisanie Åšwiata – Veronica Stigger – Um filho moribundo escreve ao pai que não conhece e vive na Polônia. Muito bom.
  • Comum de dois – Noemi Jaffe. Diálogos de um casal que avança no tempo. Bem divertido, com se estivéssemos lendo mensagens em redes sociais.
  • Uma rua de Roma – Patrick Modiano. Bom, como sempre. Personagem em busca de sua identidade. Sempre o tema da memória em clima detetivesco.
  • The year of magical thinking – Joan Didion. Um livro sobre o luto. Uma autobiografia que se lê como um romance. Excelente.
  • Morra Amor – Ariana Harwicz. Excelente.  Escrita direta, violenta, sem concessões, questionando o lugar da mulher e a família.
  • Barata – Ian McEwan – Uma metáfora para apontar o erro do Brexit. Curto, sem muito impacto.
  • Esboço – Rachel Cusk – Escritora vai dar curso sobre escrita criativa em Atenas e encontra personagens que guiam a história. Interessante. O narradora acompanha, como um leitor. Os personagem descrevem as tramas.
  • A peste – Albert Camus. Para uma leitura nessa pandemia. Reli pelo momento. Muitas semelhanças com o que vivemos agora. Deve ser lido ou relido.
  • Amazona – Sérgio Sant’Anna. Uma trama erótica policialesca na época da ditadura militar no Rio de Janeiro. Sempre um bom Sant’Anna, nesse ano de sua morte pela Covid-19.
  • Descobri que estava morto – J.P. Cuenca. Muito bom. Escritor personagem, escritor morto, romance inacabado. Boa performance e escrita.
  • Poética – Ana Cristina Cesar. Poemas dessa que é uma expoente da poesia marginal, da geração mimeógrafo dos anos 1970.
  • Estado de sítio – A. Camus. Uma peça baseada na Peste, com modificações. Muito bom.
  • Hereges – Leonardo Padura – Trama envolvendo holocausto, Rembrandt e Cuba, Vai do século XVII à atualidade. A trama é guiada pelo detetive Mario Conde. Uma narrativa que prende e me lembrou Paul Auster. Excelente.
  • A tensão superficial do tempo – Cristóvão Tezza. Professor de química baixa filmes piratas para a mãe na internet, tendo como pano de fundo o governo atual. Escrita de folego, sem capítulos, envolvendo o leitor.
  • Fantasma – Jason Reynolds. Infantil. Menino foge com a mãe do pai que quer matá-los e se descobre um corredor. Muito bom para o pÚblico infanto juvenil.
  • As pequenas virtudes – Natalia Ginzburg. Maravilhoso. Ensaios autobiográficos.
  • Um pai escritor e um filho com síndrome de Down. Os questionamentos e as dificuldades de lidar com essa paternidade. Um olhar direto sobre a questão.
  • Trânsito- Rachel Cusk. Segundo volume e continuidade de Esboço. Apenas ok!
  • A vida invisível de Eurídice Gusmão – Martha Batalha. Bem escrito, divertido. MÚltiplas narrativas da vida de duas irmãs no Rio de Janeiro no começo do século XX problematizando o lugar da mulher e a família.
  • The Silence – Don DeLillo – Não acho o melhor DeLillo, já comentei e escrevi um texto sobre ele. Indico pela relação com o nosso momento pandêmico.
  • Morreste-me – João Luis Peixoto. Curto. Poético. Sobre o luto pela morte do pai.
  • O que ela sussurra – Noemi Jaffe. Muito bom. Jovem russa sussurra poemas do marido morto pela ditadura stalinista por causa dos seus escritos. Ela os sussurra para que seus poemas não sejam esquecidos.
  • A verdadeira história do alfabeto – Naomi Jaffe. Interessante mas cansa. Parece Borges.
  • Segredos – Domenico Starnone. Bom. Starnone pode ser Elena Ferrante  ou ser casado com ela (Anita Raja). Não se sabe muito bem. A história de um professor que vira escritor e suas mulheres em torno de um segredo compartilhado.
  • O deserto dos Tártaros – Dino Bussati. Excelente, um clássico de 1940 que virou filme em 1976. Me lembrou a Montanha Mágica (Mann), como um romance de formação. Drogo vai servir ao exército em um forte em uma montanha em que não se passa nada.
  • A cachorra – Pilar Quintana. Muito bom. Povo pobre pescador em povoado na Colombia. Damaris não consegue engravidar e tem relação ambígua com uma cadela.Â