SUR-VIV-ALL
Pouco tempo hoje para esse Carnet, preparando os dados e mapas do projeto SUR-VIV-ALL, escrita com GPS pelas ruas de Edmonton, realizado ontem. Em alguns dias coloco aqui os resultados. Abaixo a letra “S” “escrita”, só para dar uma idéia:
Projeto de GPS Writing, SUR-VIV-ALL (excerto).
A idéia surgiu do cruzamento da minha leitura do livro de Margaret Atwood, “Survival”, com as minhas pesquisas sobre mídia locativa, cidade, mobilidade e novas tecnologias. No livro “Survival”, a autora defende a tese de que a relação com a sobrevivência é um padrão no imaginário da literatura canadense, tanto da prosa quanto da poesia: lutar contra as forças da natureza, contra os nativos, contra os animais… Assim, partir da minha pesquisa sobre mídias locativas, tive a ímpeto de “escrever” a cidade com um GPS Tracker e de mapear alguns hotspots pelo caminho (google maps, google earth e outros…). Busco aqui, além de diversão, uma forma de me aproximar mais da cidade, de compreender e sentir seus espaços, suas dinâmicas. Mas, no fundo, é uma forma de ver minha “sobrevivência” aqui.
A palavra “SURVIVAL” foi alterada para “SUR-VIV-ALL”, tentando criar sentidos diversos em francês e inglês, linguas oficiais do canadá, e em português, minha língua materna. Em francês podemos ver ou inferir “SUR VIV(R)E/VIE…”, algo como um excesso e falta de vida, justamente quando sobreviver é o recurso mínimo e último da existência. Em português, “VIVA”, viver clamando a existência, um imperativo. Em inglês “survival”, o seu sentido original, acrescido do “ALL” que chama por uma dimensão social, pelo público e comunitário.
O que está em jogo aqui é o imaginário da cidade, a relação com temperaturas extremas, o uso dos carros como padrão de deslocamento, os espaços vazios, a invisibilidade dos processos eletrônicos (a escrita por GPS é invisível, assim como os hotspots wi-fi ) em meio as estruturas aparentes do espaço público. Fizemos fotos, vídeos que tentam captar essa relação, mas tendo como fio condutor a relação com o mundo externo…veremos se conseguimos coisas interessantes…O “waypoints” no mapa terão esse conteúdo imagético, além de hotspots wi-fi abertos (acessamos a rede na rua de alguns deles) ou fechados.
Deixo aqui as reflexões iniciais e prometo em alguns dias mostrar os resultados. Devo escrever um artigo sobre a experiência e mostrá-la em Madri e em minha conferência semana que vem na University of Alberta.