Sem nenhuma pretensão, mas para brincar com a coisa, criei um Carnet Mobile – Vídeos do Celular. O link está também na coluna de links desse Carnet.
Já há festivais, editais e diversas experiências em vídeo, textos e fotos com celulares. Postei agora a informação sobre o edital da Telemig para o evento “artmov”. Buscando ainda uma particularidade e uma poética, os vídeos em celulares podem fazer da portatibilidade, da mobilidade, do tempo imediato, da conexão e da difusão em rede uma diferença fundamental em relação aos filmes e vídeos com câmeras portáteis. Mais que uma narrativa ou poética da grande tela, os vídeos com celulares podem trazer uma forma de hierofania quotidiana visual. Isso difere de outras práticas de “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”. Muitas experiências são apenas transposições (como no jornalismo online, nos blogs, nos podcasts) do cinema. Isso é normal e compreensível dada a novidade e o pouco tempo de maturação da tecnologia na atual cibercultura. Mas devemos pensar na particularidade do artefato: o celular, um “tele-tudo”, portátil e conectado. Qual a diferença real entre um filme feito no celular (com uma história, argumento e edição) de um outro feito com qualquer outra câmera portátil (tipo mini-dv)?. Não há, na maioria dos caso, especificidade, apenas imagens de pior qualidade.;-))
Conversando com uma colega, chegamos a conclusão de que a prática de fazer e difundir filmes em celulares está mais próxima da experiência da fotografia, a partir da popularização das máquinas fotográficas portáteis, do que do cinema: além do fator mobilidade, portatibilidade, conexão, há a disseminação massiva do artefato que faz de “qualquer um”, virtualmente, um “produtor/distribuidor/devorador de imagens”; qualquer um pode fotografar com uma máquina comprada em banca de jornal. A diferença que resta é ainda a rede, a potência de conexão e de colaboração, que no caso da disseminação da fotografia popular, não existia. Essa diferença cria elementos que possam propiciar uma “fruição” estética típica desse meio. Assim, pequenos excertos do dia a dia, em mobilidade, disseminados, podem, talvez (estamos mesmo na pré-história e os artistas estão tentando achar uma poética), criar algo que não seja imitar o cinema nos “filmes” com celulares…esse é o desafio. O you tube é uma exemplo mundial dessa liberação da emissão, da conexão generalizada e da reconfiguração da poética das imagens em curso na cibercultura com celulares, webcams e mini-dvs (ver meus cibercultura remix e cibercultura punk sobre esses princípios). Essa é uma reflexão preliminar que mereceria, talvez, aprofundamento.